O braço de investment banking da Acqua Vero (holding de serviços financeiros que tem parceria estratégica com o BTG), Avin Capital, nasceu para atender a demanda de middle market (empresas de médio porte), após ser observada uma procura alta por crédito estruturado e serviços de M&A (fusões e aquisições). De acordo com Eduardo Akira, sócio-fundador da Acqua Vero Investimentos, existem, mesmo com o cenário macroeconômico atual, oportunidades em alguns setores da economia. Tecnologia e saúde são dois desses setores que estão com a demanda por M&As aquecida.
“Quando a gente fala de M&A, tem setores que estão muito aquecidos na economia, como tecnologia e saúde. São setores que você vê grandes fundos com dinheiro em caixa para investir. Claro que quando a taxa de juros sobe muito, os valuations começam a diminuir, por causa da taxa alta e do custo de capital, mas tem oportunidade sempre e ela vai mudando de mão. Se não está em um setor, vai para outro”, disse Akira.
O executivo da Acqua Vero destacou que o cenário macroeconômico atual, junto às mudanças que geram incertezas no ambiente político, é desafiador. Isso, porém, não dificulta tanto o trabalho da Avin Capital, que consegue encontrar oportunidades em diferentes cenários.
Akira também pontuou, ao BP Money, que as sinergias com a Acqua Vero fazem com que a Avin Capital tenha mais facilidade em alguns pontos, como na captação de clientes.
“A gente aproveita a capilaridade comercial que a gente tem, dos relacionamentos dos nossos assessores, que trazem negócios para a Avin Capital o tempo inteiro”, disse Akira.
A Acqua Vero é fruto de uma fusão de dois escritórios (Acqua e Vero Investimentos). Ambos eram escritórios da XP Investimentos e faziam parte do G20 (grupo dos 20 maiores escritórios da XP).
“A Vero atuava muito bem no mercado de private banking, e a Acqua muito bem no mercado de varejo alta renda e corporativo. E aí a gente decidiu unir forças em dezembro de 2020”, disse Akira.
Confira, a seguir, a entrevista com Eduardo Akira, sócio-fundador da Acqua Vero Investimentos, sobre a Avin Capital.
Eduardo, antes de falar da Avin Capital, como surgiu a holding Acqua Vero?
Tanto Acqua quanto a Vero eram dois escritórios que faziam parte do grupo do G20. E aí, entendendo um pouco o movimento do mercado e os próximos passos, com o crescimento da assessoria de investimentos, entendemos que faria sentido unir forças, ainda mais porque tínhamos muitas sinergias nas nossas operações. A Vero atuava muito bem no mercado de private banking, e a Acqua muito bem no mercado de varejo alta renda e corporativo. E aí a gente decidiu unir forças em dezembro de 2020.
Muito desse movimento foi em função de poder ser grande mesmo, unir um poder, um grupo de executivos que pudessem levar a empresa para outro patamar e também poder ter tamanho para, de alguma maneira, ser consolidador de mercado.
Como foi a mudança para a parceria estratégica com o BTG Pactual e quanto a Acqua tem sob gestão?
Em 2021, a gente decidiu trocar de parceiro e ir pro banco BTG Pactual para, junto com o banco, montar nossa corretora de valores mobiliários. Hoje, passado 18 meses, a gente termina o ano com R$ 5,2 bilhões sob assessoria. Temos mais de 10 mil clientes. Devemos bater 11 mil clientes neste mês. Temos mais de 300 pessoas na nossa empresa, entre assessores e áreas de suporte e backoffice.
A gente está com 23 filiais no Brasil, espalhadas pelo Brasil, com maior concentração em São Paulo e no interior de São Paulo.
Hoje, na nossa empresa, temos a Avin Seg, que é uma corretora de seguros de vida e saúde. Temos a Avin Corp, que é nosso braço de PJ, que cuida de crédito bancário, câmbio e seguros corporativos. E temos a Avin Asset, que é a nossa gestora de fundos, com mandatos exclusivos para fazer a parte de gestão de patrimônio, que também tem fundos abertos.
Recentemente, anunciamos a Avin Capital, que é o nosso braço de investment banking.
Agora sobre a Avin Capital. Como surgiu a ideia de criar esse braço de investment banking?
Desde 2015, atuamos bastante junto a empresas, e percebemos uma grande demanda por crédito estruturado. A gente já vinha fazendo esse trabalho de estruturação de dívidas, CRI CRA, debêntures, só que fazendo isso dentro da Avin Corp, e aí misturando muito ali o trabalho que a gente tinha dentro de crédito bancário com as outras coisas.
Como a demanda aumentou, e a gente decidiu trazer para dentro de casa dois profissionais super experientes para fazer a parte de M&A, a gente decidiu fazer o spin off (separação) da área. Tirar as pessoas que faziam a estruturação de dívidas de dentro da Avin Corp e criar a avin capital, tendo essa área de estruturação de dívidas e também tendo esse time que começou a fazer a parte de fusões e aquisições.
A gente tinha uma demanda reprimida aqui. Era reprimida e era bem tímida para assessoria em fusões e aquisições. No entanto, logo que a gente lançou o produto dentro de casa, o serviço de M&A, foi super surpreendente para a gente. Temos, hoje, em média, uma indicação por dia de operações de M&A.
Atualmente, são mais de 80 que a gente já tem no nosso pipeline, em menos de quatro meses. Então foi muito em função de criar uma área estruturada e que não prestasse serviços só internamente, mas que pudesse também prestar serviços para terceiros.
Qual é o diferencial da Avin Capital?
O que a gente vê hoje nessas instituições que são focadas em middle market é que elas acabam quase que sendo instituições ‘monoproduto’. Ou seja, ou você tem as boutiques que trabalham com M&A mesmo, que são boutiques super renomadas e atendem com um fluxo grande de operações desse tipo ou são operações que fazem só parte de estruturação de dívida, a parte de DCM, através de assets ou consultorias mesmo.
O que a gente procurou trazer aqui é o serviço para complementar um ecossistema que a gente já tem. Hoje, o cliente de todas as áreas, e a gente cuida desde o bolso do nosso cliente pessoa física, fazemos toda assessoria de investimentos para esses clientes, uma vez que esses clientes têm confiança na gente, a gente consegue entrar nas empresas desses clientes. Muitas vezes eles são empresários, executivos ou profissionais liberais.
A gente passa a auxiliá-los na empresa e em todas as suas necessidades, seja um crédito bancário, um câmbio, um seguro corporativo, seja ajudando a investir o caixa, fazendo antecipação de recebíveis, cuidando da folha de pagamento, fazendo uma estruturação de dívidas acessando o mercado de capitais ou fazendo M&A, então a gente consegue passar por todos os ciclos de vida da empresa, auxiliando e centralizando o atendimento em uma única pessoa.
O cliente tem o beneficio de quem o atende, o conhece muito bem, o conhece tanto pessoa quanto empresa, e aí faz um trabalho muito mais construtivo de não chegar com o produto pronto, mas realmente entender a necessidade que o cliente tem, e oferecer algo que seja sob medida sempre.
A ideia e o diferencial é que a gente está presente na vida desse cliente, pessoa jurídica ou física, em todas suas necessidades e momentos de vida, seja do negócio ou da vida pessoal.
Quais sinergias Acqua Vero e Avin Capital?
Hoje a maior sinergia que a gente tem é a de captar clientes. A gente aproveita a capilaridade que a gente tem comercial, dos relacionamentos dos nossos assessores, que trazem negócios para a Avin Capital o tempo inteiro.
Quando você encontra as boutiques, empresas que fazem esse tipo de trabalho, o maior calcanhar de Aquiles é sempre originação, porque fazer o trabalho todas essas empresas tem profissionais super competentes para fazer.
A maior dor é geração de lide, geração de demanda e isso aqui, pra gente, não falta. Imaginando que a gente tem quase 200 assessores na rua, prospectando, buscando atender os clientes e trazendo essa demanda pra dentro de casa. Se tem uma coisa que não temos problema aqui é originação e isso é muito bom. É a maior sinergia que temos da Acqua Vero para Avin Capital.
Com o cenário macro atual, quais são as oportunidades e como isso influencia os negócios da Avin?
Realmente, o cenário é super desafiador que temos pela frente. Ainda há uma grande incerteza de como vai se desenhar a parte política econômica do País, independente de crenças em partidos, etc.
Quando pensamos no trabalho que a gente faz aqui, sempre vai ter uma empresa precisando levantar dinheiro e, eventualmente, precisando emitir uma dívida, seja um cenário mais difícil em função da taxa de juros mais alta ou mais fácil, a gente vai tentar encontrar o que tem de melhor oportunidade para o cliente, dentro do mercado de capitais para ele poder se financiar e continuar enfrentando os desafios que tem, seja de crescimento ou de manutenção da sua empresa.
Como atendemos todos os setores da economia, a gente sempre enxerga oportunidade.
Quais são os objetivos da Avin Capital para o curto e longo prazo?
Para o curto prazo, o objetivo é finalizar toda a composição do time. Queremos atender e entregar todos os mandatos que já foram assinados, tanto na parte de estruturação de dívida quanto da parte de M&A, então já começa o roadshow de algumas empresas que a gente assinou mandato, a parte de DCM (estruturação de dívida), a gente está correndo para liquidar algumas operações ainda esse ano, e aí para o ano que vem a gente já tem o nosso roadmap ali, de buscar entregar mais mandatos, mais operações liquidadas também e fechamento de operações M&A.
Para o longo prazo, é realmente abocanhar esse mercado de middle market, das empresas de faturamento entre R$ 50 milhões e 1 bilhão. Também seguimos com a ideia de atuar onde o BTG, que é nosso parceiro estratégico, não atua, absorvendo essa demanda que temos e que enxergamos no mercado, crescendo, oferecendo para o cliente que está nos grandes bancos os serviços que os grandes têm na assessoria e oferecer para esses mesmos clientes um ecossistema completo. Temos tudo para ganhar mercado e tração e não só atender a originação dentro de casa como a de fora.