Em entrevista à BP Money, Marcos Medeiros, CEO da Tegma Gestão Logística S.A. -uma das uma das maiores operadoras logísticas da América Latina, voltada para transporte de veículos zero-quilômetro e logística integrada com soluções inteligentes e direcionadas- comentou sobre os desafios enfrentados no setor, as perspectivas de crescimento da empresa e muito mais.
Sobre o atual problema da falta global de semicondudores na indústria automobilística, Marcos explica: “Esse fenômeno tem levado a um aumento da idade média da frota brasileira, o que nos faz crer que num futuro próximo, quando este problema global tenha se solucionado, a demanda reprimida precise ser atendida e compense a defasagem de produção desse ano de 2021 e talvez parte de 2022”.
Listada na Bolsa de Valores oficial do Brasil, a B3, desde julho de 2007, a Tegma, de acordo com o seu diretor-presidente, pretende ampliar o seu mix de produtos. Além disso, Marcos afirma que a companhia “busca pelo crescimento sustentável de suas operações, com níveis de retorno adequados para os seus investimentos e consequentemente para seus acionistas”.
Confira a entrevista completa:
Sabemos que com a quebra da cadeia automobilística, a Tegma, que possui parte da sua receita proveniente do transporte de carros, foi afetada. Qual é a expectativa de recuperação paro o setor?
Realmente a cadeia automotiva tem sido afetada por disrupções recentes de fornecimento de peças, assim como quase todas as indústrias. Essa situação tem feito as montadoras se readaptarem em muitos sentidos na produção de veículos, para que o veículo não fique tão dependente de determinadas peças. Além disso, é possível notar que as montadoras têm sido impactadas de maneira diferente e algumas têm tido um desempenho positivo frente a esse cenário. Apesar de todas as restrições, os números têm mostrado uma resiliência até maio de 2021 relativamente boa, sendo o mês de maio o segundo em que mais se produziu em 2021. O segundo semestre ainda conta com muitas incertezas por causa dos mesmos problemas, mas também com a expectativa de retorno da produção do veículo mais vendido no país (Onix), o que pode melhorar essa perspectiva.
A empresa possui alguma intenção de diversificar o seu atual mix de produtos?
Sim, a empresa tem duas divisões que têm diferentes dinâmicas de crescimento. A mais importante, de logística automotiva, tem uma característica de crescer junto com as vendas e a produção de veículos no Brasil, dado que a participação de mercado desta operação é relativamente estável. A segunda divisão, de logística integrada, tem características diferentes, pois é voltada para o atendimento de operações de abastecimento de linhas de produção para clientes do setor de químicos e eletrodomésticos. O crescimento dessa operação ocorre de forma diferente da automotiva, seja conquistando novos clientes para se realizar os fluxos logísticos com alta produtividade, ou seja adquirindo empresas que tenham sinergias com as operações atuais. Acreditamos que essa segunda divisão da companhia seja, sim, uma importante forma de diversificação da companhia.
A falta de semicondutores na indústria automobilística pode afetar na oferta de carros e consequentemente no transporte que é realizado pela Tegma?
Sim, o problema global de falta de semicondutores tem afetado a produção de veículos no país e, consequentemente, o transporte de veículos da Tegma. Esse problema acarreta em um represamento importante da demanda por veículos novos no país, que nem mesmo o mercado de veículos usados tem dado conta de atender. Esse fenômeno tem levado a um aumento da idade média da frota brasileira, o que nos faz crer que num futuro próximo, quando este problema global tenha se solucionado, a demanda reprimida precise ser atendida e compense a defasagem de produção desse ano de 2021 e talvez parte de 2022.
A Tegma prioriza o crescimento orgânico ou inorgânico?
A Tegma tem uma busca pelo crescimento sustentável de suas operações, com níveis de retorno adequados para seus investimentos e consequentemente para seus acionistas. Todas as formas de crescimento precisam ter características tanto financeiras quanto estratégicas que colaborem com a fortaleza operacional e financeira que hoje é a Tegma. Dessa maneira, não há uma forma prioritária de crescimento.