Pode isso, Arnaldo? Cripto é “pura especulação”, segundo ex-árbitro

Segundo Arnaldo Cezar Coelho, investidor e ex-árbitro de futebol, o segredo para investir é a diversificação

O ex-árbitro e comentarista, Arnaldo Cezar Coelho, além de ter seu nome consolidado no mundo dos esportes, teve uma grande carreira no mercado financeiro e, hoje, apesar de não estar trabalhando neste meio, é investidor e segue acompanhando o mercado. Em entrevista ao BP Money, Arnaldo destacou que investir em criptomoedas é “pura especulação” e que seu foco nos investimentos são os dividendos e a diversificação.

“Estudei bastante sobre criptomoedas, mas não tive coragem de investir. O motivo é o seguinte: qual é o lastro? Qual é a garantia? Eu quero a garantia. Quando eu aplico nisso, eu não sei qual é a minha garantia. Até agora não me explicaram e pra mim é pura especulação. E especulação você pode perder muito dinheiro e ganhar muito dinheiro, mas não vem reclamar depois. Tenho vários amigos que entraram, mas nem curiosidade eu tive”, destacou Arnaldo.

A filosofia de investimentos do hoje investidor e ex-agente autônomo é simples. Segundo Arnaldo, “a regra é clara” para os investimentos: é necessário diversificar a carteira, para poder mitigar os riscos. Além disso, é preciso focar nos dividendos, já que investimentos em renda variável são para “o longo prazo”, de acordo com o ex-árbitro e agente autônomo. 

“A regra é clara comigo: tem que diversificar. Eu sou conservador. Eu tenho poucas ações e todas pagam dividendos. Não vou nem te falar quais são, porque o ouvinte pode achar que o Arnaldo indicou. Sempre falo para procurarem o especialista. Nem especialista em arbitragem eu sou mais. As regras mudaram tanto que hoje quem manda é o VAR”, brincou Arnaldo, após contar sobre seu perfil de investidor.

“Se você não pode ser sócio de um banco, compre uma ação de um banco. Os bancos brasileiros são os que mais dão lucro no mundo. Tem erro? Não tem. São muito bem administrados e sabem sofrer pressão de bancos mais novos e fintechs”, completou Arnaldo.

O ex-árbitro de futebol destacou que não costuma dar “grandes tacadas” na bolsa. Segundo Arnaldo, por ter esse estilo nos investimentos, ele nunca perdeu grandes valores, porque seus investimentos estão sempre diversificados e miram o longo prazo.

Dicas de Arnaldo Cezar Coelho para os investidores iniciantes

Arnaldo destacou que a dica para quem está começando no mundo dos investimentos é começar colocando o dinheiro na renda fixa, para entender melhor do que se trata a rentabilidade. Após isso, o investidor pode começar a fazer aportes em renda variável, mas sempre estudando ou com a ajuda de um profissional do mercado.  

“É importante investir em renda fixa, porque você sabe o quanto resgata em um prazo determinado e, na renda variável, onde você tem um pedaço das empresas, você precisa ter empresas que você confie, companhias que dão lucro, que te pagam dividendos”, explicou Arnaldo. 

“Empresas que dão lucro todos os anos são muito boas. Não importa o preço da ação. Comprou? Esquece ela. Fica 20 anos nessa ação. Tenho muitos amigos que vivem de dividendos”, complementou Arnaldo. 

O ex-árbitro e investidor frisou que para não ter prejuízos e acabar traumatizado na bolsa, o investimento em empresas que pagam bons dividendos é o melhor caminho. Isso porque, geralmente, essas companhias geram bastante lucro e são consolidadas em seus setores de atuação. 

“A bolsa brasileira aumentou muito, em número de pessoas físicas, nos últimos cinco anos. Mas de repente começou a ter uma baixa, porque as pessoas se assustaram com as quedas do mercado. Isso se chamava “mão fraca”, antigamente. Era quem vendia na primeira queda, apavorava. Claro que com essa volatilidade, o patamar das ações caíram, mas não tem problema, porque daqui a pouco elas voltam, se as empresas forem boas, é claro”, explicou Arnaldo.

Arnaldo disse que o mercado é cíclico, ou seja, assim como o mercado cai, ele se recupera, de acordo com as variáveis econômicas do momento. Por isso, existe a diversificação. Enquanto um setor vai mal, o outro acaba compensando e balanceando a carteira, muitas vezes, como explica o ex-árbitro e agente autônomo de investimentos e, atualmente, investidor. 

“Vai no banco e compra um CDB ou um IPCA+juros. No próprio banco onde você tem conta, tem produtos de renda fixa. Se não dá pra comprar  uma ação, coloca em um fundo de ações e esquece. Os juros não vão ficar tão altos quanto estão. Tem que diversificar e ficar atento ao mercado. Quando o mercado estava com 2% juros, eu não resgatei minha renda fixa, porque eu sabia que poderia voltar para 13%, como voltou”, exemplificou Arnaldo.

Para finalizar, Arnaldo respondeu uma questão capciosa: o que é mais difícil, apitar uma final de Copa do Mundo (como fez em 1982) ou investir em tempos de crise? 

“As duas coisas são difíceis, não tem como. Não deixe o dinheiro parado. Com a inflação como está, dinheiro não pode ficar parado. Dinheiro tem que estar circulando, em movimento. E você precisa ter liquidez. No momento de aperto, você sabe onde buscar sem se complicar. Você tem que ter aplicação com liquidez imediata para não ser prejudicado”, finalizou Arnaldo.