Que o movimento de digitalização das compras, seja de roupas ou qualquer outro tipo de produto, está crescendo cada vez mais não é novidade. O único problema é que a venda de alguns desses produtos, principalmente de alimentos, é – de certa forma – elitizada (visto que essas empresas possuem custos que precisam ser embutidos nos preços ao consumidor final). Enxergando esse gargalo no mercado, a Muni, plataforma de social commerce de alimentos, decidiu envolver pessoas de baixa e média renda em um ecossistema para fazer esses serviços chegarem à base da pirâmide social.
Em entrevista ao BP Money,Thomas Endler, head da área comercial na Muni Tienda Brasil, afirmou que a realização da Copa do Mundo no período de novembro e dezembro deste ano pode ser uma grande oportunidade para a Muni crescer e ganhar ainda mais campo no País.
“O final do ano sempre é um momento de consumo muito importante e, neste ano, temos, pela primeira vez na história, Copa junto com o verão. A venda de carnes e bebidas deve aumentar muito, e queremos captar uma fração relevante disso para o nosso negócio”, disse Endler.
“A nossa última etapa de crescimento foi de captar talentos. Agora queremos continuar ganhando rentabilidade. A regra do jogo, hoje, é a rentabilidade, ao mesmo tempo que queremos acelerar a taxa de crescimento no Brasil. Inauguramos um centro de distribuição, em Osasco, com mais de 5 mil metros quadrados, já projetado para absorver o crescimento que esperamos nos próximos seis meses”, destacou o head comercial da Muni.
Para entender melhor o core business da Muni, basta pensar em dois tipos de negócios muito conhecidos no mercado, segundo o executivo da empresa. O primeiro deles seria o de uma empresa de cosméticos famosa, como a Natura, que possui diversas revendedoras espalhadas. O segundo negócio seria o modelo tradicional de ecommerce de alimentos, como o Rappi, por exemplo. Juntando esses dois modelos, é possível entender melhor a proposta da Muni.
“Somos, de fato, um varejo. Compramos a mercadoria dos distribuidores e revendemos essa mercadoria para o consumidor final. Nós diminuímos os elos na cadeia, diferente de iFood, Rappi, etc. Eles intermediam a relação do consumidor com os supermercados ou restaurantes. No caso da Muni, somos o supermercado e a plataforma”, explicou Endler.
Como a Muni consegue vender por um preço mais acessível?
Para que a mágica aconteça, a Muni possui os “líderes Muni”. Eles são uma espécie de consultores, que são comissionados por cada venda. São eles os responsáveis por procurar uma rede de pessoas para fazer compras pelo aplicativo Muni, além de fazerem toda logística.
“A Muni entrega as compras para o líder Muni e esse líder pode entregar pra o consumidor final ou a pessoa pode retirar com ele”, disse Endler.
Esse é um dos fatores que diminui os custos para a companhia. Isso porque a empresa realiza apenas uma entrega de produtos de vários clientes para esse líder, e o líder é responsável por repassar.
“A grande parte das plataformas, como Ifood e Rappi, foca muito na questão do serviço e na praticidade. A gente vê diversas entregas em 20 minutos. É uma proposta de valor que faz sentido pra muita gente, mas quando embutimos o preço, com taxa de serviços e tudo mais, foge da realidade muita gente. Apesar de serem plataformas muito legais, elas são excludentes”, destacou Endler.
“A gente quer incluir os consumidores de classe média e baixa nesse processo. Esse é o nicho de oportunidade que a gente quer explorar. A gente tem a missão de democratizar essa digitalização de grocery (mercado)”, completou Endler.
Segundo o head comercial da Muni, a companhia possui uma relação direta com a indústria, muito parecida com a de supermercados. Por isso, a empresa consegue negociar direto e reduzir custos.
“Temos uma disciplina de custos muito forte. A área de atuação da Muni no Brasil hoje é toda região metropolitana de São Paulo, praticamente. Começamos com um piloto em Indaiatuba, expandimos recentemente para Campinas, Jundiaí e Várzea Paulista. O estado de São Paulo representa, em potencial de consumo, mais do que a Colômbia inteira. Estar em SP é estar em um país de médio porte”, disse Endler.
Como a pandemia influenciou os negócios da Muni?
É inegável que o ecommerce começou a ganhar muito espaço na última década. As empresas começaram vendendo produtos eletrônicos e depois a parte de vestuário cresceu bastante. Os produtos de supermecardos, entretanto, fazem parte de uma tendência um pouco mais recente, principalmente na América Latina, como explica Endler.
“De tudo que se vende no ecommerce, produtos de supermercado ainda representam uma parcela pouco significativa”, disse o executivo da Muni. Segundo Endler, o ecommerce de grocery veio pra ficar.
“A gente viu a pandemia como um catalisador do nosso desenvolvimento, sem sombra de dúvidas. O que aconteceu foi que, quando a pandemia passou, as compras por ecommerce de alimentos perderam força. Na prática, era muito mais uma barreira de acesso ao varejo como ele era, mas do nosso lado, entendemos que, de fato, estamos desenvolvendo esse mercado e agregando valor nessa jornada. O consumidor compra na Muni porque ele vê um benefício em comprar com a gente”, disse Endler.
“Quando a gente consegue levar a proximidade com a economia, a gente vê uma adesão muito forte. A frequência de compra de um usuário da Muni é de quatro vezes por mês, o que é muito alto comparado a outra plataforma do mercado”, complementou o head de comercial da Muni.
Segundo Endler, o fim da pandemia não afetou os negócios da startup. “Estamos tendo uma taxa de retorno bem grande desde o início deste ano, o que faz nosso negócio ganhar uma escala importante”, concluiu o porta-voz da Muni.