Fundada em março de 2018, a Vinland Capital é relativamente jovem, mas já detém quase R$ 20 bilhões espalhados em seus nove fundos da casa. Destes, quatro são focados em Macroeconomia: Vinland MACRO, Vinland MACRO-PLUS (que detém 101.17% de rentabilidade desde seu início), Vinland MACRO PREV e o Vinland MACRO IQ PREV.
Essa linha econômica, inclusive, é parte essencial na construção da estratégia da empresa. De acordo com Felipe Arslan, diretor comercial da Vinland Capital, em conversa exclusiva na última semana com o BP Money: “nós sempre discutimos, em time, guiados pela equipe macroeconômica, que é liderada pelo Aurélio Bicalho, todos os nossos indicadores e dados econômicos do Brasil e do mundo”.
Arslan completa: “construímos juntos com gestores uma tese macroeconômica, uma tese “top down”. Depois disso, nós colocamos essa tese num “funil” e tentamos traduzir em juros, moedas e também bolsa”.
Os outros fundos da casa também chamam a atenção pela rentabilidade, como por exemplo, o Vinland Long-Bias Multimercado com um rendimento de 51,95% desde sua criação, no qual investe em mercados da América Latina, também podendo alocar na América do Norte, Ásia e Europa.
Em 2021, a gestora também lançou dois fundos de renda fixa para trazer mais conforto a investidores que não queiram se expor à renda variável em um cenário interno e externo conturbado.
Para saber mais sobre a estratégia da gestora, confira a conversa exclusiva com Felipe Arslan:
Queria começar perguntando sobre o Vinland Macro Multimercado. O fundo tem uma rentabilidade de 56% desde seu início, com 19% só no último ano. O que aconteceu pra ele dar essa disparada nos últimos 12 meses?
Na verdade, não foi uma disparada, mas sim um conceito que nós temos de tentar entregar retornos consistentes, controlando volatilidade e se preocupando muito com preservação de capital. Então, temos estruturas de hedge que nos protegem de drawdowns (quedas bruscas, na tradução). E sempre trabalhamos com ativos muito líquidos, para que consigamos reverter posições rapidamente. Óbvio que conseguimos entregar essa rentabilidade por termos percebido que os juros americanos estavam atrasados, dado todos os dados econômicos nos mostrando que o Federal Reserve precisava ajustar mais a taxa de juros.
O mercado de trabalho deles estava extremamente aquecido e os dados de atividade também estavam super fortes. Então, nós nos posicionamos comprados nas treasuries americanas apostando na alta dos juros americanos. A segunda derivada dessa call que também assertiva do nosso lado foi estar posicionado comprado no dólar americano. Porque quanto mais os juros subirem, o dólar se fortaleceria em relação às outras moedas, principalmente contra o Euro e à moeda chinesa.
Agora, perguntando um pouco sobre o Vinland Macro-PLUS, que foi criado no mesmo ano, em 2018 e tem uma rentabilidade de 101.17% desde seu início. O que vocês fizeram de diferente nesse fundo que acabou dando mais rentabilidade do que o primeiro Vinland Macro?
O Macro-plus foi constituído em 2019, não em 2018. Então, é um fundo que foi especialmente feito para os sócios, depois nós abrimos para o mercado. A constituição dele é a mesma do Macro normal, só que com o dobro do tamanho das posições. No final do dia, ele é um alavancado. É o veículo alavancado duas vezes do Macro 555, não tem diferença nenhuma de carteira e muito menos de gestão. Na verdade, tudo que a gente faz para o Macro, dobramos o tamanho da posição e colocamos no Macro-plus.
Falando agora sobre os fundos da Vinland LONG-BIAS, qual a diferença de estratégia entre eles?
Há uma diferença do long-bias previdência para o long-bias normal. Devido à regulação da SUSEP, que quando nós constituímos esse fundo long-bias previdência, a regulação da SUSEP previa uma locação de ativos do exterior somente de 10%. No 555, nós podemos ir até 40% lá fora. E fora isso, também limitava o long-bias previdência a 70% de equities, né? Alocação em 70% de equities, enquanto no fundo 555 eu posso ir até 100%.
Isso limitou demais pra gente, esse produto da previdência ser aderente aos 555. Contudo, nós agora estamos acabando de constituir um novo fundo long-bias previdência que vai acomodar as novas regras da SUSEP, para poder ter 40% de ativos lá fora e ele vai poder ter 100% de equities. Ou seja, ele vai ser uma réplica perfeita do veículo 555.
Por último, falando sobre os fundos de Renda Fixa, vocês acreditam que é uma boa escolha para investidores que queiram mais calma neste momento de incertezas econômicas?
Sobre o renda fixa, foi uma estratégia da casa. Constituiu o renda fixa ativo, principalmente pelo ambiente de juros altos que estávamos vivendo e continuaremos vivendo, principalmente no ano de 2023. Eu acho que é uma alocação muito prudente, por conta do nível de juros estar a 13,75%, e com essa volatilidade e muito incerteza é vinda do novo governo, principalmente para divulgar os nomes dos ministros. E também o risco fiscal aumentando com propostas de mais gastos aí então acho que seria muito prudente os investidores terem uma parcela razoável em fundos de renda fixa.
Quais os próximos passos para a gestora?
Sobre os próximos passos: acabamos de contratar recentemente um time de crédito.
Estamos estruturando dois produtos de crédito: um D + 30 e um D+180. A gente acha que é importante para a gestora ter uma abordagem nesse mercado de crédito que tem bastante para surfar. Estamos chegando a quase R$ 20 bi sob gestão e quase próximo de fechar os nossos fundos multimercados.