Fabiana Cerqueira, gerente do sucesso do aluno da Eu me banco, atuou no setor financeiro há 17 anos. Iniciou a carreira em um banco e, ao longo de mais de uma década, passou por diferentes áreas.
“Comecei no call center, fui passando por comunicação interna, processos, projetos, produtos”, resume. Isso porque, sua trajetória foi construída na mesma instituição, o que permitiu que ela desenvolvesse múltiplas habilidades ao longo do tempo.
Dessa forma, depois de anos trabalhando em áreas operacionais e estratégicas, ela decidiu mudar o foco. “Segui no mercado financeiro, mas passei a olhar para a área de educação para bancários”, conta. Essa mudança não foi um rompimento, mas uma transição natural que conectava sua experiência com um novo propósito.
Nesse momento de estabilidade e clareza profissional, Fabiana decidiu engravidar. “Eu sempre quis ser mãe, mas não era um sonho inadiável. Sabia que seria uma etapa natural da minha vida”, explica.
O planejamento envolveu um ano de preparação. “Quando comecei a me programar, já estava grávida”, completa.
Gravidez planejada e ambiente profissional seguro
Durante a gestação, Fabiana conta que se sentiu segura na empresa em que trabalhava. “Era um banco arrojado, com muitas mudanças. Eu via outras colegas saindo de licença e voltando normalmente. Nunca me senti ameaçada em relação ao meu espaço”, afirma.
Segundo ela, essa segurança foi fundamental para viver a maternidade com tranquilidade. “Sabia que talvez não voltasse para a mesma área, mas que haveria espaço para mim. Isso me deu confiança”, observa.
A filha nasceu em dezembro de 2019, pouco antes do início da pandemia. Com isso, a rotina mudou completamente.
“Além da licença e das férias, consegui acompanhar minha filha de perto nos primeiros dois anos. Trabalhei em home office quase todos os dias, indo ao escritório só uma ou duas vezes por semana”, relata.
O papel da rede de apoio na rotina das mães
Ao falar sobre os bastidores da conciliação entre maternidade e carreira, Fabiana conta que teve uma rede de apoio muito grande, algo crucial para conseguir conciliar a carreira e a maternidade.
A base da estrutura familiar é composta por pessoas próximas. “A babá oficial da minha filha é tia do meu esposo, que a considera uma segunda mãe. Além disso, minha mãe, a mãe dele e meu pai também ajudam. Meu pai, inclusive, é quem busca na escola”, detalha.
Essa organização permitiu a ela seguir com sua rotina profissional intensa. “Se minha filha fica doente, sei que é uma gripe, algo comum. Posso acompanhar de longe e fico tranquila porque sei que ela está em boas mãos.”
Fabiana compara sua realidade com a de outras mulheres que trabalham com ela. “Na minha equipe há outras mães. Algumas não têm rede de apoio e dependem exclusivamente da escola e do parceiro. Quando a criança adoece, a situação se complica.”
Ela destaca que, sem rede de apoio, a rotina se torna mais difícil. “Para mim, essa estrutura é essencial. Além de segura, minha filha está em casa, com os brinquedos dela, no ambiente dela. Isso me permite trabalhar até mais tarde, quando necessário, com a tranquilidade de saber onde ela está.”
A rotina de trabalho e os aprendizados da maternidade
A rotina de Fabiana é intensa, tanto profissional quanto pessoalmente. “Meu esposo também trabalha bastante. A gente gosta disso. E isso já influencia nossa filha. Ela fala que quando crescer vai trabalhar aqui na empresa”, conta.
A experiência de ter crescido vendo o pai trabalhar também impactou sua visão. “Eu via meu pai trabalhando até tarde, e isso nunca foi um problema para mim. Pelo contrário, entendia que ele fazia isso por nós. Quero que minha filha tenha essa mesma percepção.”
Fabiana enfatiza que não tenta seguir uma fórmula de perfeição. “Não acredito em equilíbrio como algo exato. Tento priorizar conforme a necessidade. Se minha filha estiver com um sintoma diferente, ela será a prioridade. Se estiver bem, posso focar no trabalho.”
Ela rejeita a ideia de rigidez na rotina. “Não me cobro para estar com ela todos os dias por horas. Mas quando estou, são os melhores 30 minutos do meu dia. Eu largo o celular, brinco, pergunto como foi o dia.”
Para manter a rotina organizada, ela se antecipa. “Deixo o mercado e a feira organizados no fim de semana, para que os dias de semana sejam mais leves.”
O reflexo da liderança na maternidade
Antes de ser mãe, Fabiana já liderava equipes com mulheres que tinham filhos. “Sempre tive mulheres mães ao meu redor. A gente costuma se compadecer mais quando vive algo semelhante, mas eu já entendia antes o quanto era difícil para elas.”
Ela relembra uma situação específica. “Uma funcionária minha estava com a filha na UTI e queria continuar trabalhando. Eu disse: ‘Você só volta quando ela tiver alta’. Sabia que ela não estava com a cabeça aqui.”
Hoje, como mãe, acredita que tem mais empatia e escuta. “Consigo acolher melhor as mães da equipe. Muitas estão passando pelas primeiras experiências, como a primeira febre, a primeira internação. Ter vivido isso me ajuda a orientar.”
Essa sensibilidade também aparece na relação com a filha. “Na liderança a gente lida com várias personalidades. Isso me ajuda em casa também. Consigo entender melhor os comportamentos dela, conversar mais, explicar o que está acontecendo.”
Ela defende a escuta ativa e o diálogo como ferramentas fundamentais tanto para liderar quanto para educar. “A criança vai errar. E tudo bem. É nosso papel entender por que ela está reagindo de determinada forma. Assim como no trabalho, cada pessoa tem um contexto.”
“Não tente equilibrar tudo o tempo todo”
Em suma, Fabiana deixa uma mensagem para outras mulheres que vivem o mesmo dilema. “Não tenha medo. Vá com medo mesmo. A gente nunca vai estar 100% pronta.”
Ela alerta para a armadilha da cobrança interna. “As pessoas querem que a vida seja perfeita, com os potes todos equilibrados. Mas não é assim. Se você quiser ser mãe, dedique-se. Se for hora de focar na carreira, foque. A vida é feita de fases.”
Fabiana reforça que o importante é ser consciente do que está sendo construído. “Não me culpo por trabalhar. Estou construindo algo para ela. Tenho certeza de que ela vai entender, como eu entendi com meu pai.”
Ao olhar para o futuro, ela reconhece que gostaria que a filha tivesse irmãos, mas pondera a logística. “A rotina é muito puxada. Tenho um sobrinho que é muito próximo dela, então isso já traz um pouco desse companheirismo. Mas não sei se assumo esse novo desafio.”
Por fim, deixa uma reflexão: “Não existe um curso para ser mãe. A gente aprende na prática, como nossos pais também aprenderam. Dessa forma, o importante é estar presente de verdade quando possível, aceitar os erros e seguir evoluindo, como mãe e como profissional.”