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Agrocalypse Now

Quando o herói do PIB vira vilão dos balanços

Agrocalypse Now

Ele carrega o Brasil nas costas.
Puxa o PIB, bate recorde de safra, exporta para o mundo inteiro, sustenta o superávit da balança comercial, aparece sorrindo em propagandas com o slogan “Agro é Tech, Agro é Pop, Agro é Tudo”.

Mas, ultimamente…
O Agro tem chorado no banho.
E chora pesado, como coronel enclausurado no próprio mato, falando frases filosóficas cercado por pilhas de balanços vencidos.

Os resultados do Banco do Brasil no segundo trimestre de 2025 foram um plot twist digno de Hollywood.
Analisando o ciclo de abril a junho desse ano, o lucro líquido veio 51% abaixo do mesmo período em 2024, e o motivo principal não está em Brasília, nem em Nova York. Está no campo. Mais especificamente, nas lavouras de soja, milho, algodão… e nos alqueires da inadimplência.

Os calotes tendem a causar disparada de 79,7% das Provisões para Devedores Duvidosos (PDD), que podem chegar ao patamar de R$ 14 bilhões. Um aumento bilionário no colchão contra calotes, alimentado por um setor que até ontem era o orgulho da família brasileira — e hoje vive um surto de recuperações judiciais, endividamento e preços internacionais em queda.

É como se o Capitão Nascimento do PIB tivesse virado o Coronel Kurtz das finanças rurais: outrora venerado, agora isolado no mato contábil, murmurando “o horror… o horror do balanço trimestral”.

De um lado, herói nacional:

  • Soja, milho, carne, celulose… tudo batendo recordes de produção.
  • Agro segurando a economia enquanto a indústria se reinventa.
  • Superávits comerciais graças a ele.

Do outro, anti-herói em colapso silencioso:

  • Queda nos preços internacionais… Dá-lhe Tarifas!
  • Custo de produção pressionado.
  • Empresas rurais quebrando em série.
  • Inadimplência crescente, especialmente no crédito agro dos bancos públicos.

Banco do Brasil, maior financiador do setor, sentiu o tranco.
E a conta chegou direto no balanço.

A ironia?

A frase “o agro não para” continua verdadeira.
Ele não para de bater recorde… nem de dar prejuízo.

E como em Apocalypse Now, o problema não é só a guerra em si —
é a falta de estratégia, de comando, de lucidez.
A selva está densa. O som dos helicópteros é substituído por alertas de inadimplência. E os bancos avançam sem saber se o próximo cliente rural é um produtor de soja… ou um caloteiro com drone bonito.

No cinema, o anti-herói ainda conquista torcida.
Na economia, ele arrasta consigo os resultados do banco estatal e compromete o humor do mercado.

As ações do BB DESPENCARAM no pós-balanço.
E se o agro continuar nessa toada, os próximos trimestres podem virar filme de terror com guerra.

“Agrocalypse Now”.
A saga de um herói que caiu do cavalo —
e ainda deve as parcelas da colheitadeira.