*Paulo Quites
O mercado financeiro tem sido um dos ramos mais efervescentes tanto em inovação tecnológica quanto em reformulação de propostas de valor. Se décadas atrás a imagem por parte dos consumidores era de instituições extremamente rígidas e burocráticas, hoje vemos o smartphone atuar como uma central para serviços instantâneos que podem ser realizados em qualquer lugar do mundo.
O surgimento de fintechs, bancos e carteiras digitais, serviram não apenas para aumentar a competitividade com ofertas mais baratas. Eles também trouxeram novas tecnologias que forçaram a renovação digital dos bancos mais tradicionais.
Nesse ambiente de constante evolução, eventos como o Money 20/20 servem para reunir as principais discussões sobre o que está acontecendo hoje e o que pode ser implementado para o futuro. E muitos desses assuntos também se relacionam com o mercado brasileiro, como Open Banking, blockchain, criptomoedas e metaverso. Listo alguns dos principais temas discutidos na última edição do evento em Amsterdã sobre a tecnologia no mercado financeiro:
Open Banking mais consolidado
Agora chamado como Open Finance no país, o compartilhamento de dados – previamente autorizados por usuários – entre instituições financeiras avançou bastante. Contudo, ainda baseia-se em oferecer crédito com uma melhor análise de dados.
No Velho Continente, entretanto, os serviços bancários de países como o Reino Unido já buscam desenvolver soluções que gerem maior rentabilidade, como realizar transações com valores que estão disponíveis em outras contas bancárias.
Blockchain como elemento para aumentar a segurança
A ascensão das criptomoedas contribuiu para jogar luz em moedas como Bitcoin e Ethereum. Mas a tecnologia do blockchain ainda pode e deve ser melhor utilizada pelo sistema financeiro. Ela tem papel fundamental no registro de transações seguras de criptomoedas permitindo o seu rastreamento e validação do processo ao mesmo tempo de garantir a privacidade de dados.
Em outra medida, ao pensarmos em ativos distantes do mundo cripto, ela pode servir de elemento de segurança para venda de bens materiais (com carros ou imóveis) ou mesmo em contratos inteligentes. Um ambiente mais seguro gera mais agilidade e redução de custos relacionados – facilitando processos de abertura de contas, tomada de crédito e contratação de serviços adicionais.
Amadurecimento dos criptoassets
Antes visto como elemento à margem do sistema bancário tradicional, o mundo cripto ganhou espaço sendo menos visto como mero elemento especulativo. Tanto que mesmo em pleno “inverno cripto”, não há sinais de redução na sua adoção por parte das principais entidades financeiras.
E parte dessa transição para maioridade é o trabalho por uma regulamentação básica que não afete negativamente o constante desenvolvimento de inovações, mas que atue como elemento de segurança com os bancos centrais ao redor do mundo. Como consequência, o mercado cripto se torna mais entendido pelo público e impulsiona a entrada de novos players.
Ainda existe espaço para fintechs e neo-bancos
Outro tema que temos presenciado nos últimos meses é a redução de investimentos privados para startups, em geral. Entretanto, a sensação é que mesmo em um cenário de redução no apetite dos investidores, ainda existe uma demanda por novos serviços inovadores. O que pode ser visto como um incentivo nas buscas por públicos ainda não assistidos de uma forma digital e prática ou de serviços com excesso de burocracia.
Metaverso
Por último, o assunto mais quente não apenas no setor financeiro. Praticamente todas as áreas, da educação ao entretenimento, buscam entender como o metaverso pode ser utilizado em benefício dos usuários e das empresas. Mas enquanto ainda não existem respostas concretas, a mensagem é “experimentação”. E o mais importante, sem entrar em uma corrida desnecessária para ser o mais inovador.
*Paulo Quites é COO da act digital