A cada ano, a National Retail Federation (NRF) reúne líderes e inovadores do setor varejista para discutir as tendências emergentes e as novas perspectivas que começam a surgir. Na última edição, o evento destacou cinco tendências essenciais que irão moldar o cenário do setor nos próximos anos, e, além de apresentar cada uma delas, é importante fazer uma reflexão aprofundada.
O primeiro ponto a se pensar é como a tecnologia já vem influenciando o varejo de forma acelerada. Apesar de apenas 18% dos varejistas brasileiros utilizarem algum tipo de iniciativa de Inteligência Artificial, segundo pesquisa da Linx, ela já é uma realidade, fazendo o setor entrar em uma nova era de inovação e personalização. Isso nos leva à primeira tendência.
1. Prepare-se para uma sociedade intergeracional, guiada pelos Alphas
Como os consumidores continuam a evoluir, é fundamental reconhecer a ascensão da geração Alpha e suas influências. As pessoas nascidas a partir de 2010 cresceram em um mundo totalmente digital e diversificado, onde a personalização e a experiência são prioridades. Como varejista, é importante entender as necessidades únicas e conectar-se autenticamente com esse público, que agora está entrando em uma idade de consumidor.
Isso significa utilizar as mais diversas ferramentas para criar laços verdadeiros com os consumidores, apostar em conteúdos chamativos e relacionais, além de cuidar muito bem dos valores da empresa. Uma pesquisa da News Harris Poll revelou que 82% dos compradores desejam que os valores de uma marca de consumo se alinhem com os seus e não comprarão se não se sentirem compatíveis.
Entre os valores que estão se tornando prioridade para os mais jovens estão os cuidados das marcas com o meio ambiente. E isso se conecta com a segunda tendência que irá guiar os negócios varejistas nos próximos anos.
2. Adapte-se à economia circular
A conscientização ambiental está moldando as escolhas dos consumidores e, como varejista, é essencial se comprometer em abraçar a economia circular. Isso significa repensar os modelos de negócios para minimizar o desperdício e maximizar os recursos.
Uma loja de roupas, por exemplo, pode criar um novo modelo de logística reversa, com opções de devolução de peças de roupas usadas e explorar iniciativas de reciclagem, reutilização e aluguel para oferecer opções mais sustentáveis aos clientes. As relações mais próximas com as marcas, em termos de valores e ações sustentáveis, geram relacionamentos únicos. Este é o terceiro ponto que deve estar no radar dos varejistas.
3. Trate cada loja como uma flagship
Mais do que nunca, é preciso reconhecer a importância de transformar as lojas em experiências memoráveis, principalmente com a nova realidade de consumo, em que 63% das pessoas preferem fazer compras online. Por isso, o ideal é adotar uma abordagem de “cada loja como uma flagship”. Isso envolve a integração de tecnologia, espaços flexíveis para eventos e serviços personalizados, criando um ambiente que vai além das simples transações de compra.
As lojas físicas devem chamar a atenção dos consumidores, criar novas experiências e oferecer um ambiente único, impossível de ser encontrado no formato online. A inteligência artificial também pode ser uma ferramenta importante para as lojas físicas e seu uso aponta para a quarta tendência em alta no varejo.
4. Monetize a atenção que você já tem – retail media
Com a proliferação do comércio eletrônico e das mídias sociais, é essencial explorar maneiras de capitalizar a atenção dos consumidores por meio da estratégia de retail media. Ao entender melhor o comportamento do cliente e alavancar os dados, é possível criar campanhas publicitárias mais segmentadas e eficazes, impulsionando as vendas e fortalecendo o relacionamento com o cliente.
Segundo um estudo do BCG (Boston Consulting Group), o investimento em campanhas de varejo irá crescer 25% ao ano até alcançar US$100 bilhões em 2026. Mas, para fechar um jornada de consumo memorável ao cliente, é de extrema importância estar atento a quinta tendência varejista. A integração de todas as plataformas.
5. Construa uma jornada unificada
É importante integrar perfeitamente todas as plataformas e pontos de contato, com formas diversas de interação dos consumidores, como redes sociais, um conteúdo de influenciadores ou indicações de amigos. O fato é que as empresas precisam entender que todos os canais devem oferecer uma jornada de experiência única e, para isso, investir nas inovações do mercado pode ser um diferencial.
Uma das grandes revoluções na comunicação com o cliente são as etiquetas NFC (Near Field Communication), que permitem uma relação mais direta e ágil entre a marca e o consumidor, além da coleta de dados para captar as tendências de comportamento.
Além das NFCs, as inovações em aplicativos de varejo e pagamentos digitais têm desempenhado um papel fundamental no crescimento do “m-commerce” (comércio móvel). Os consumidores estão cada vez mais confortáveis em fazer compras diretamente de seus dispositivos na palma da mão e os aplicativos de varejo oferecem conveniência, personalização e uma experiência de compra simplificada.
Além disso, os avanços nos sistemas de pagamento digital, como carteiras digitais e pagamentos por aproximação, também estão impulsionando esse modelo de vendas, oferecendo transações mais seguras e rápidas.
O “social-commerce” e as compras por livestream estão emergindo como tendências poderosas, especialmente entre os consumidores mais jovens, influenciados pelo fenômeno do TikTok. Essas plataformas estão se transformando em canais de compras viáveis, onde os usuários podem descobrir produtos e realizar compras diretamente, sem sair do aplicativo.
Não é à toa que os players chineses continuam a liderar a revolução das compras online, desafiando os varejistas já estabelecidos em todo o mundo. Empresas como Alibaba e JD.com estão expandindo rapidamente suas operações e explorando novos mercados globais, oferecendo uma ampla variedade de produtos a preços competitivos e serviços de entrega rápidos e eficientes. Sua abordagem inovadora para o comércio eletrônico, incluindo tecnologias como inteligência artificial, realidade aumentada e comércio social, está redefinindo as expectativas dos consumidores e forçando os varejistas tradicionais a se adaptarem ou enfrentarem a obsolescência.
Diante dessa disrupção, os varejistas precisam estar atentos a essas cinco tendências que irão impactar o varejo e responder com agilidade, investindo em tecnologia, experiência do cliente e estratégias de omnichannel para permanecerem competitivos no mercado global de comércio eletrônico.