Neste ano, os Bancos brasileiros têm investido o equivalente a R$47,8 bilhões em tecnologia, a maior parte focada em inteligência artificial, revela a pesquisa da Tecnologia da Febraban 2025.
Plataformas como Open Finance e Fintechs são programadas para tornar processos bancários mais eficazes ao oferecer experiências personalizadas e automação de processos, porém também possuem o risco da dependência e confiança excessiva nas IAs.
Inovação
Com históricos bancários visíveis para mais instituições, oportunidades que não estavam disponíveis para grande parte da população se tornam uma opção, como taxas de juros mais baixas e maior aprovação de crédito. Essa promessa de capital facilmente disponível para todos é ainda mais atraente em um país onde o crédito sempre foi concentrado. Hoje, com a taxa Selic mais alta em quase 20 anos, a 14,75%, os investidores em renda fixa são beneficiados através de fintechs, principalmente as com alto CDI.
Empresas fintechs que usam tecnologia para oferecer serviços financeiros como o Banco Inter, C6 Bank, Nubank e a Finscale, participam dessa inovação no mercado. De acordo com Sérgio Biagini, sócio-líder da Deloitte em serviços financeiros, “a eficiência dos processos bancários se elevou a uma taxa média de 11%”. O uso da IA tem benefícios tanto para clientes quanto para bancos, desde a economia de tempo para ambos, até recomendações de linha de crédito, e investimentos ajustados de acordo com o histórico financeiro ou o modo como um consumidor se comporta.
Riscos
No entanto, todos esses avanços carregam alguns riscos, pois a mesma tecnologia capaz de proteger e agilizar o sistema pode o comprometer. As fraudes e deep fakes vem se provando cada vez mais sofisticados e gerando preocupação sobre a segurança digital, também há uma margem de erro que persiste quando se trata de sistemas de IA. Potenciais erros na análise de risco, como rejeitar bons pagadores e aprovar maus, têm deixado tanto bancos quanto clientes em alerta.
A substituição de trabalhadores por IAs tem aumentado, gerando crescente preocupação com cortes de emprego.. Em um relatório da Valor Econômico, o grupo Banco Citi afirma que “Cerca de 54% dos empregos no setor financeiro têm alto potencial de serem automatizados.”
A automação extrema levanta questões sobre e o possível abandono da supervisão humana em processos operativos. Eficiência e responsabilidade devem ser conjugadas.
Considerando os riscos, a inteligência artificial trará inúmeras inovações para o setor financeiro, desde que haja uma regulação robusta que preserve a segurança dos dados e a ética nas decisões algorítmicas, sem que outras prioridades se sobreponham a isso.
Entrevista
Para alcançar uma melhor compreensão do cenário citado acima, entrevistamos a Letícia Moschioni, uma profissional com foco em inovação e tecnologia, Fundadora e CEO da empresa Finscale, uma fintech brasileira. Ela mencionou os obstáculos e oportunidades à frente para a IA nos mercados:
Letícia explicou que o maior desafio encontrado trabalhando com a IA são as empresas e clientes que vêm entendido o IA como produto de prateleira.
“Muita gente chega esperando soluções prontas, quando na verdade o valor está em como a IA é aplicada dentro da estratégia da empresa”, disse.
Ela também menciona que o maior ganho do dia a dia tem sido usar a IA nas áreas de crédito.
Em relação às precauções contra riscos de fraudes e abuso de IA, Letícia afirmou a necessidade das regulações e interferência humana nos processos de IA, onde “a prevenção de riscos precisa ser pensada junto com a inovação — não depois”.
Quando questionada sobre os riscos e da propensão futura à dependência do IA, ela afirma que “quando falamos de IA em fintech, isso inclui desde validação de modelos até limites bem definidos para tomada de decisão automatizada.”
Sistemas de IA não são imunes a erros, e o melhor que empresas podem, e devem fazer, é uma fiscalização imersa.
Acerca das possibilidades para o futuro da IA no mercado financeiro, a tendência do mercado é oferecer cada vez mais uma capital acessível para clientes de perfis diversos, “no crédito, por exemplo, modelos baseados em IA reduzem a inadimplência e ampliam acesso ao crédito com mais precisão.”
Esta expansão é beneficente para ambas partes, “isso gera impacto direto na rentabilidade tanto para quem opera a fintech quanto para quem investe nela.”
A evolução da inteligência artificial não é absolutamente concreta, com medida indefinível, a CEO da Finscale afirma que “o potencial de gerar valor com isso ainda está só começando a ser explorado.”
A inteligência artificial promete transformar o mercado financeiro, com possibilidades tão grandes que Ulrike Hoffmann-Burchardi, CIO do UBS Global Wealth Management, chegou a afirmar em entrevista à Barron’s:
“Agora, acreditamos que IA, eletrificação e longevidade são as oportunidades, e a primeira empresa de US$ 10 trilhões provavelmente surgirá dentro dessas inovações”.
Ainda assim, os limites dessa revolução continuam sendo nos desafios regulatórios, na falta de transparência dos algoritmos e no risco da repetição de padrões do passado, sem conseguir prever cenários inéditos. O caminho mais seguro e eficaz é a união precisa da Inteligência Artificial ao olhar crítico e a supervisão humana.
Fontes: