Num cenário árido, cercado por sanções, tarifas e vaidades nucleares, nasce um amor improvável. Um bromance internacional, selado não por alianças militares ou tratados de paz, mas por algo mais íntimo: o desejo de enterrar o dólar. Bem-vindo a BRICS Back Mountain — o drama romântico onde Lula, Xi, Putin, Modi e Ramaphosa se olham nos olhos, de sunga, e sussurram promessas de Sul Global numa sauna úmida no interior da Patagônia chilena. Enquanto isso, Donald Trump acende a sirene das tarifas durante o bronzeamento artificial. Um surto controlado.
O GRANDE ENCONTRO
Na nova cúpula do BRICS, o roteiro parecia ter saído da mente de um roteirista da Netflix com crise de identidade global.
Putin participou por videoconferência — uma espécie de home office presidencial. Um olho na Ucrânia, outro olho na tela.
Xi Jinping não pôde vir, mas enviou seu primeiro-ministro Li Qiang para a sauna brasileira. Meio olho em Taiwan, meio olho na reunião.
Modi fez presença com aquele jeitinho neutro de quem quer ser amigo de todo mundo. Um olho na Aliança, outro olho na Entente.
Ramaphosa ainda está traumatizado desde seu último encontro com Trump. Dizem que foi ao evento pintado de fazendeiro branco.
Lula — de colete ecológico e discurso inflamado — deu a letra para Donald (após o americano sair em defesa do ex-presidente Bolsonaro), dizendo que “não aceitamos intromissão”.
O fato ocorreu uma semana após Lula pedir liberdade para a ex-presidente argentina Cristina Kirchner, condenada por corrupção. What the fuck?!
Enquanto isso, Trump, sozinho em Mar-a-Lago, assistia a tudo pela televisão.
Dedos grossos e curtos, alaranjados pelo consumo de Cheetos — fuga para a ansiedade em ver o dólar sob risco.
Em seu boné da MAGA (Make America Great Again), nota-se um selo escapando pela lateral, onde é possível ler: “made in China”.
Donald pega sua caneta BIC, uma folha do Death Note e começa: “Querido Lula…”
É isso meus amigos. Foi assim que Lula recebeu sua cartinha de Hogwarts anunciando uma tarifa de 50% para as exportações brasileiras. Um murro no estômago do mercado.
A carta esbraveja sobre “injustiça tarifária”, “perseguição ao Bolsonaro” e até “ameaça à liberdade de expressão”. Mas todo mundo sabe que o incômodo real era outro: o Brasil já detinha a presidência do banco dos BRICS, agora assumiu a presidência rotativa do Bloco, sediou a cúpula, e ainda ousou reacender (de forma infantil e ignorante) o debate sobre uma moeda comum fora do dólar. Para piorar, Alexandre de Moraes — o vilão preferido da ala MAGA — foi parar na mira da Truth Social, a rede social de Donald Trump.
Economistas chamam de “demonstração de força”, mas o cheiro é de ciúmes geoeconômico. O Brasil, que historicamente gera superávit para os EUA, virou alvo de um pacote de sanções feito sob medida — como quem tenta punir não um país, mas um comportamento. Trump sabe que não controla o BRICS, mas tenta minar o entusiasmo. E como um bom ex-apresentador de reality show, ele sabe: não precisa acabar com a festa — basta virar a mesa.
A VINGANÇA CAMBIAL
Os BRICS querem criar sua própria moeda. Querem IA. Querem clima. Querem o palco.
Mas, acima de tudo, querem sentar à mesa do G7 e pedir o cardápio.
Trump foca em petróleo, já os BRICS, estão se aventurando em energias renováveis.
Talvez essa não não seja uma guerra fria, já que o aquecimento global mostrou seus dentes até no Texas. Talvez essa seja uma guerra quente. Não sei, pensamentos intrusivos.
E a tal moeda? Bom, a famosa “moeda dos BRICS” ainda está na incubadora.
Contudo, o encontro rendeu diversos acordos, incluindo temas relacionados à inteligência artificial, saúde, meio ambiente — e até uma possível ferrovia entre o Pacífico e o Atlântico, num fórum paralelo.
MORAL DA HISTÓRIA?
BRICSback Mountain é uma história de afeto geopolítico, desilusão monetária e um pouco de ciúme tarifário.
Putin e Xi se entendem com o olhar.
Lula continua tomando o gardenal vencido de 2008.
Modi finge que não vê nada, mas vê tudo.
Ramaphosa continua fofo.
E o Trump?
Trump é o cowboy traído no vale da OTAN, com a espingarda das tarifas e poucos amigos no bolso. Bastava parar de arranjar encrenca com a Europa, Japão e Canadá que tudo iria fluir melhor.
Quanto aos BRICS: Se vai dar certo? Ninguém sabe.
Mas uma coisa é certa: o dólar está suando e o Bitcoin aquecendo.
E o amor — mesmo o amor econômico — tem dessas.
Às vezes começa com um G20 e termina com uma 51.