Crédito é vilão?

Crédito vale mais que dinheiro? – adeus aos mitos

Vale a pena descapitalizar e comprar à vista ou é melhor financiar?

Foto: pixabay
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Diálogo entre Gabriel e Gustavo

Gabriel: Bora falar de um tema que todo mundo comenta, mas pouca gente entende? Consórcio, financiamento, crédito… afinal, crédito vale mais que dinheiro?

Gustavo: Boa pergunta! Muita gente acha que crédito é vilão, mas usar ou não o próprio dinheiro é uma decisão estratégica. Já ouviu aquele dilema: “vale a pena descapitalizar e comprar à vista ou é melhor financiar?”

Estratégias de crédito e o custo de se descapitalizar

Gabriel: Quando você paga tudo à vista, não arca com juros, mas também tira dinheiro de aplicações que podem render. Em tempos de Selic alta, por exemplo, muita gente prefere deixar o dinheiro investido e evitar os juros de um financiamento, usando modalidades como consórcio.

A contrapartida é a paciência: você pode esperar meses ou anos para ser contemplado.

Gustavo: Verdade. E existe o custo de oportunidade. Se seus investimentos rendem mais do que os juros do crédito, faz sentido não descapitalizar. Por outro lado, quem financia paga juros compostos e corre risco de endividamento se a parcela pesar no orçamento.

Características do consórcio

Gabriel: Vamos lembrar como funciona o consórcio. É uma modalidade em grupo para comprar um bem. Não tem entrada nem juros; os participantes pagam parcelas que formam um fundo comum. Quando você é contemplado por sorteio ou lance, recebe uma carta de crédito para comprar o bem.

Gustavo: Por isso o consórcio é ideal para quem não tem urgência

As vantagens incluem:

Sem juros, apenas taxa administrativa

Flexibilidade de uso da carta de crédito

Incentivo ao planejamento, porque você “força” a poupança mensal;

Possibilidade de antecipar a contemplação dando lances

Gabriel: Mas há desvantagens: você precisa esperar o sorteio ou dar um lance, o que não serve para quem tem pressa. As administrações cobram taxas que encarecem o valor total. Além disso, existe risco de inadimplência de outros consorciados, o que pode atrasar as contemplações

Gustavo: Outro ponto: a carta de crédito e as parcelas são reajustadas por índices como o INCC, para preservar o poder de compra

Isso pode ajustar a sua parcela ao longo do tempo.

Características do financiamento

Gabriel: Já no financiamento, o banco compra o bem para você e você paga em parcelas com juros. É ideal se você tem pressa porque o bem é liberado imediatamente.

Gustavo: Para financiar, você precisa de entrada e passa a pagar juros que, somados ao CET, podem fazer o custo final ser bem maior. 

Ou seja: rapidez tem preço. É importante simular e comparar o total pago no fim do contrato

Planejamento financeiro: como tomar dívida sem dilapidar o patrimônio

Gabriel: Então como planejar a tomada de crédito? Primeiro, avalie sua capacidade financeira e seus objetivos. Especialistas recomendam comparar taxas, prazos e CET para consórcio e financiamento

Gustavo: E veja como isso se encaixa na sua vida. Pergunte: “Eu realmente preciso do bem agora?”; “Tenho reserva de emergência?”; “Qual é meu perfil de risco?” O consórcio funciona como planejamento de longo prazo, permitindo que você mantenha liquidez e rentabilidade de investimentos.

Para quem prioriza disciplina e não quer se descapitalizar, é uma estratégia útil.

Gabriel: Já o financiamento é uma forma de alavancagem: você usa o bem imediatamente e paga ao longo do tempo, mas precisa de renda estável e controle para que a dívida não comprometa seu orçamento. Financiamentos podem se tornar “bola de neve” se não houver organização.

Cenário de exemplo

Gustavo: Imagina um casal com R$ 200 mil guardados e que quer comprar um apartamento de R$ 350 mil. Eles têm três opções:

Usar todo o dinheiro e financiar o restante. Eles se descapitalizam, perdem liquidez, mas pagam menos juros.

Entrar em um consórcio e aguardar. Eles mantêm o dinheiro investido, pagam taxa administrativa e esperam a contemplação — podendo usar parte do FGTS para dar lance.

Financiar o imóvel inteiro. Conseguem o imóvel rápido, mas pagam juros elevados e correm risco de aperto no orçamento.

Gabriel: Não existe certo ou errado. O melhor caminho depende dos objetivos – se o casal tem urgência, tolerância ao endividamento e retorno esperado do dinheiro investido.

Como identificar o que é mais vantajoso para você

Gustavo: Faça perguntas-chave:

– Tenho pressa? Se sim, financiamento pode fazer sentido, sabendo que terá juros e entrada.

– Quero manter meus investimentos rendendo? Consórcio permite comprar sem descapitalizar, mas é preciso esperar.

– Consigo pagar a dívida confortavelmente? Não adianta financiar se as parcelas comprometerem mais de 30% da renda.

– Tenho disciplina? Consórcio exige paciência; financiamento exige pagar em dia para não perder o bem.

Gabriel: E, claro, compare o CET de cada modalidade; às vezes, administrar seu dinheiro rende mais do que as taxas do financiamento. Para muitos, a resposta a “crédito vale mais que dinheiro?” é: depende do quanto seu dinheiro vale quando investido e da sua paz de espírito.

Resumo Final

Consórcio: é uma “poupança forçada” sem juros, ideal para quem não tem urgência. 

Vantagens: planejamento, flexibilidade e preservação de capital

Desvantagens: espera, taxas administrativas e regras rígidas

Financiamento: entrega o bem de imediato, mas exige entrada e juros.

Planejamento é essencial: Avalie CET, compare taxas e, sobretudo, considere sua capacidade de pagamento e objetivos.

Não existe escolha certa universal – existe a que se encaixa na sua realidade, perfil de risco, horizonte de tempo e cenário econômico