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Curtindo a Vida Ajuizado

No país do boleto, o maior desafio não é cabular aula, mas sair da lista de inadimplentes

Imagem criada por IA
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Se Ferris Bueller vivesse no Brasil, a icônica “folga” escolar dele teria um leve ajuste: em vez de fugir da escola, ele estaria fugindo das ligações de cobrança. Afinal, no país do boleto, o maior desafio não é cabular aula, mas sair da lista de inadimplentes sem precisar vender um rim.

Nos últimos meses, o número de endividados no Brasil caiu, segundo dados da CNC. Mas calma lá, não é hora de soltar fogos – até porque fogos custam dinheiro, e dinheiro a gente não tem sobrando. O que aconteceu foi um movimento de renegociação massiva, impulsionado pelo Desenrola Brasil e outras iniciativas. Em outras palavras: o brasileiro continua devendo, mas agora deve com estilo – e, talvez, até com um desconto.

O mapa da inadimplência e a busca pelo alívio

Os dados do Serasa mostram que 70 milhões de brasileiros estavam inadimplentes recentemente, mas o número vem caindo com o aumento das renegociações. O setor financeiro descobriu que, se não pode cobrar o que quer, melhor cobrar o que dá. Assim como Cameron teve que aceitar que seu pai descobriria o carro destruído, os credores aceitaram que é melhor receber menos do que nada. E o brasileiro, claro, topou o acordo.

Bancos e varejistas perceberam que não adianta fingir que o consumidor médio consegue pagar juros de 400% ao ano. Foi assim que surgiram parcelamentos mais longos, descontos para pagamento à vista e outras estratégias miraculosas.

O raciocínio é simples: por que cobrar R$ 5.000 de alguém que pode pagar, no máximo, R$ 500? Melhor reduzir a dívida e garantir que, futuramente, ele possa pegar outra – porque o ciclo não para, só troca de banco.

As dicas do Ferris para um nome limpo

Negocie com esperteza – Assim como Ferris manipulava as situações para conseguir o que queria, você precisa saber que tem poder de barganha. Dívidas antigas geralmente podem ser reduzidas em até 90%.

Não caia no efeito bola de neve – No filme, a mentira vai crescendo até que tudo desmorona. O mesmo acontece com juros compostos. Se puder, priorize quitar dívidas com taxas mais altas primeiro.

Use o momento a seu favor – Campanhas como o Desenrola Brasil podem aliviar o peso das dívidas. É como encontrar uma brecha para escapar do diretor da escola – mas, no caso, o vilão aqui é o rotativo do cartão de crédito.

Crédito consciente – O maior erro de Cameron foi confiar que tudo ficaria bem no final. Se você renegociou a dívida e limpou o nome, não caia na tentação de sair pegando crédito como se fosse um videogame com vidas infinitas. Não é.

O futuro do endividado brasileiro

Apesar da queda no número de inadimplentes, ainda estamos longe de um final feliz. O custo de vida segue alto, os juros continuam pesados e, para muitos, pagar as contas é um jogo de malabarismo mensal. Mas, ao menos, há um respiro – uma chance de reorganizar a vida financeira e, quem sabe, começar a construir um futuro sem sobressaltos.

Lembre-se, jovem padawan: no Brasil, para realmente curtir a vida, você precisa ter juízo – o que é bem diferente de estar ajuizado.