“Meu coach sempre dizia que o mercado cambial é como uma caixa de Schrödinger: você só descobre o valor real do câmbio quando abre a carteira.” Claro, ele é professor de História e cheira rapé nas horas vagas, mas acho que entendi a ideia.
Clóvis é um sujeito discreto (quase um substantivo). Inteligência? Se tem, esconde muito bem. Sofria bullying no berçário (malditos pediatras). Na adolescência, chegou a participar de projetos do PROERD mas, confuso com a proposta, acabou virando estudo de caso.
Com o tempo, as coisas não melhoraram.
Clóvis se envolveu com drogas mais pesadas, na época conhecidas como “mini dólar”. O apelido Forex Gump veio tanto pela vida cheia de reviravoltas quanto pelo dom curioso que desenvolveu: enriquecer os outros sempre que comprava dólar (viva o altruísmo), era como se a moeda caísse sempre que ele tentava correr.
Todos os dias Clóvis esperava o dólar cair para comprar, mas o mercado respondia com alta atrás de alta. Quando finalmente resolvia comprar, a moeda parecia cair só de pirraça, acelerando ainda mais sua calvície.
Mas “pera aí”, você sabe o que é Forex?
Para simplificar: Forex (Foreign Exchange) é o maior mercado financeiro do mundo, onde moedas de diferentes países são compradas e vendidas. Funciona 24/5 (sim, até ele tem duas folgas e você não), é líquido e volátil como uísque.
Se você acha que Forex significa “Foreign Exchange”, está enganado. A etimologia do termo remete ao Sul de Goiás, unindo “for” e “ex”, um lembrete sutil de que os lucros acabam sempre com a sua ex, já que ninguém vende até o juíz mandar.
No Forex, negociações ocorrem em pares de moedas, como EUR/USD. A ideia é lucrar com as variações das taxas de câmbio, mas só quem tem estratégias e muita experiência escapa sem grandes cicatrizes.
O grande antagonista dessa novela é o Federal Reserve, uma entidade com mau hálito que, sempre que abre a boca publicamente, FED.
Agora, vamos à questão: por que o dólar virou esse influenciador fitness tão poderoso?
- Fatores externos:
- O relatório de empregos dos EUA (payroll) trouxe dados melhores do que o esperado, fortalecendo o dólar ao reduzir a chance de cortes de juros pelo Fed;
- O mundo está acabando em guerras e até o CEO do JP Morgan avisou a gente: “já está rolando uma terceira guerra mundial”.
- Fatores internos no Brasil:
- Investidores estão desconfiados do pacote fiscal do governo, que pode ser enfraquecido no Congresso e corre o risco de não ser aprovado antes de 2026;
- O Banco Central tem se limitado a intervenções tímidas, como swaps cambiais tradicionais.
Esses fatores fazem o dólar subir enquanto Clóvis desaba – de novo. Ainda assim, ele insiste.
Por fim, deixar-lhe-ei, caro leitor, uma provocação: antes de criticar o Real no grupo da família, lembre-se: ele não é o pior. Em um ranking das moedas mais desvalorizadas frente ao dólar, o Brasil está melhor que a Venezuela, Argentina e Etiópia.
É tudo uma questão de perspectiva.