Em 2020, a Cúpula do G20 firmou um marco importante na história da globalização econômica ao aprovar um roteiro ambicioso para modernizar e otimizar os pagamentos transfronteiriços. Quatro anos depois, é necessário retomarmos o assunto, principalmente diante de tantos avanços tecnológicos que podem fazer a diferença nos planos do grupo.
Com a meta de completar a implementação até 2027, o documento representa um esforço conjunto das principais economias mundiais para criar um sistema financeiro internacional mais eficiente, transparente e inclusivo. Não se trata de uma iniciativa isolada, mas, sim, da busca por uma solução para uma série de desafios que têm acometido as transações internacionais em todas as nações há muitos anos.
Um dos principais problemas é a ausência de normas padronizadas em âmbito global, o que resulta em uma complexidade exacerbada e custos elevados para empresas e indivíduos que realizam transações comerciais internacionais. A fragmentação dos sistemas de pagamento complica o rastreamento das transações, podendo até interromper negociações inteiras. Além disso, essa falta de uniformidade abre espaço para diversas atividades ilícitas, como a lavagem de dinheiro.
Portanto, ao estabelecer diretrizes para o desenvolvimento de sistemas de pagamentos interoperáveis, regulamentações harmonizadas e padrões de comunicação eficientes, o roteiro do G20 pode centralizar esse aspecto das relações transfronteiriças. É uma via com o potencial de proporcionar uma gama imensa de vantagens, como uma redução de custos generalizada, aumentar a velocidade operacional e fortalecer a confiança dos agentes econômicos para aquecer ainda mais esse mercado.
Papel da inovação
A tecnologia desempenha um papel fundamental nessas mudanças. Especialmente a partir do aumento da criação de novos serviços financeiros digitais por fintechs, temos visto o surgimento de várias novas possibilidades para a modernização dos sistemas de pagamento, tornando-os mais ágeis e acessíveis.
Integrando essas plataformas e soluções ao novo arcabouço de normas estabelecido pelo G20, é possível criar um ambiente ainda mais propício para a inovação. Cada empresa e cada governo terá à sua frente um caminho muito mais claro de como realizar transações internacionais de modo que atenda às suas próprias demandas, mas sem se desconfigurar das práticas globais.
É claro que sempre haverá a resistência de alguns setores do mercado financeiro, ainda presos a processos mecânicos e tradicionais. No entanto, de forma geral, é totalmente perceptível o quanto essa área, em sua maioria, está aceitando a era digital e adaptando processos, assim como os próprios consumidores.
Perspectivas futuras
Nos próximos dois anos, a continuidade e conclusão da implementação do roteiro do G20 exigirá um esforço conjunto ainda maior de todos os países membros, bem como a colaboração de instituições financeiras internacionais e do setor privado. É fundamental que as nações desenvolvam as capacidades necessárias para adotar as novas tecnologias e regulamentações, e que as empresas se adaptem às mudanças em curso.
Isso inclui criar sistemas de pagamento ainda mais interoperáveis, permitindo que diferentes moedas e redes sejam integradas. E detalhe: essa interconexão não pode trazer mais burocracias e processos que não sejam intuitivos, mas a possibilidade de realizar transações de forma prática e em tempo real, tanto para Pessoas Físicas (PFs) quanto para organizações.
Em resumo, a base dos novos formatos de pagamentos deve ser, antes de mais nada, centrada em atender às demandas dos usuários. A presença de interfaces personalizadas e seguras, acompanhadas de um suporte humanizado, é essencial para que os pagamentos transfronteiriços realmente representem um passo efetivo na direção de um sistema financeiro global mais democrático.
Transações internacionais simples, rápidas, seguras e eficazes são o que todos querem. A meta já foi estabelecida. Resta aos envolvidos continuar trabalhando para que ela se cumpra até 2027.