A internacionalização de patrimônio envolve a diversificação de ativos para além das fronteiras brasileiras, buscando mitigar riscos e aproveitar oportunidades de retorno em diferentes mercados. Assim, o atual cenário de taxas de juros nos Estados Unidos – atingindo os maiores níveis das últimas duas décadas – está gerando impactos significativos nas estratégias de internacionalização de patrimônio.
Contextualização do mercado americano
Após a pandemia do COVID-19 e a escalada da crise financeira global em 2021, os
Estados Unidos experimentaram um nível inflacionário descomunal – o americano, que estava acostumado com uma inflação baixíssima, observou o índice saltar de 1,3% em janeiro de 2021 para 5,8% no ano seguinte, em 2022 – Isso fez com que a autoridade monetária americana, o Federal Reserve, iniciasse um ciclo de aperto monetário para conter a corrida inflacionária através da elevação da taxa básica de juros. Em junho de 2023, o FED decidiu pelo aumento da taxa de juros para a faixa de 5,25% a 5,50% – taxa que permanece inalterada até última reunião do FED de maio de 2024, sendo os maiores níveis das últimas duas décadas.
Tal política monetária traz consequências de abrangência mundial pela posição do dólar como moeda de reserva internacional, como o encarecimento dos custos dos serviços das dívidas dolarizadas, tendência de altas de juros mundialmente, e, principalmente, um grande fluxo de investimentos sendo irecionado para os Estados Unidos.
Pois, com o aumento das taxas de juros, os ativos denominados em dólar se tornam
mais atrativos em termos de retorno sobre o investimento principalmente os instrumentos de renda fixa como títulos do Tesouro americano (Treasury Bonds), que estão com taxas 4,6% a.a. nos títulos com vencimento para 10 anos – estamos falando aqui um ativo considerado “livre de risco” com um retorno histórico na moeda mais forte do mundo.
Fica evidente a preferência dos investidores em um título americano em detrimento de
títulos mais arriscados de economias emergentes, como o Brasil – mesmo com taxas de juros na casa dos dois dígitos, o risco não compensa.
Mas não é somente a renda fixa que se destaca no mercado financeiro americano.
Quando falamos de aumentar a exposição ao risco, pensamos em renda variável e a bolsa de valores – a bolsa americana oferece acesso a empresas que, sozinhas, valem mais do que todas as empresas da bolsa brasileira combinadas. Temos como exemplo a NVidia, fabricante de placas gráficas, avaliada em US$ 2 Trilhões. Enquanto as empresas da bolsa brasileira combinadas chegam a um valor de mercado de US$ 920 Bilhões. Além de poder acessar empresas extremamente valiosas e sofisticadas, as possibilidades de diversificação também são maiores na bolsa americana – no Brasil, temos um total de 445 empresas listadas, nos EUA, são cerca de 6.000 (podendo a chegar a 8.000 se considerarmos os ETFs).
Hoje em dia as plataformas digitais, como a XP, permitem que os investidores acessem
o mercado americano diretamente pelo aplicativo. Após realizado o câmbio pela própria
plataforma, o investidor pode escolher qual dos ativos se encaixam melhor na internacionalização do seu patrimônio, desde títulos de renda fixa públicos e privados a um portfólio diversificado de ações e ETFs.
Resumo de vantagens
- Reserva de patrimônio na moeda mais forte do mundo;
- Acesso a um mercado financeiro diversas vezes mais maduro que o brasileiro;
- Proteção da oscilação cambial frente a um consumo dolarizado;
- Mitigação de riscos com a diversificação geográfica e baixo risco-país;
Em conclusão, a internacionalização de patrimônio é uma estratégia importante para os
investidores, especialmente em um contexto de taxas de juros elevadas nos Estados Unidos. Embora as taxas de juros mais altas possam apresentar desafios adicionais, a diversificação geográfica continua a ser uma maneira eficaz de mitigar riscos e aproveitar oportunidades de retorno em um ambiente globalmente interconectado. Os investidores devem considerar cuidadosamente as implicações das taxas de juros nos EUA ao desenvolver suas estratégias de internacionalização de patrimônio, mas também reconhecer os benefícios de uma abordagem global para investimentos.