Uma longa jornada galáctica.
Uma república à beira da crise.
E um Império fiscal que decidiu revidar.
Esse é o novo episódio da trilogia tributária brasileira: Star Wars – O Imposto Contra-Ataca. Um filme de ação (ou seria de terror?) em que o vilão não carrega sabre de luz, mas sim uma alíquota agressiva. Ele não vem do lado sombrio da força — ele é a força. Chama-se IOF.
Se em outros tempos o Imposto sobre Operações Financeiras era aquele personagem secundário — o tipo que aparece, fala meia dúzia de palavras e some no próximo planeta — agora ele ganhou protagonismo. E, como todo vilão de saga, voltou mais forte, mais inflado e com sede de arrecadação.
O IOF desperta
Se você ainda acha que IOF é “só uns centavos” em operações internacionais, saiba que essa ilusão Jedi foi desfeita. Segundo estudos recentes, o impacto real do IOF nas empresas é muito maior do que o valor da alíquota sugere. Isso porque a conta vai além do imposto direto — ela inclui perdas cambiais, menor eficiência de caixa e custos indiretos de compliance e planejamento.
O problema aqui não é só o imposto. É o sintoma. O IOF é um imposto Frankenstein, criado para ser temporário e que acabou virando permanente, moldável, invisível, implacável. Um canivete suíço da arrecadação. Quando o governo precisa de grana, o IOF aparece. Rápido. Silencioso. Letal.
O Senado em Crise
Enquanto isso, no Senado Galáctico, o clima é de tensão. A base governista defende a medida como um “ajuste necessário”. A oposição, por outro lado, vê a manobra como um tiro no bolso do setor produtivo, justo aquele que deveria estar construindo de forma sustentável.
O Congresso — que mal respirou após a batalha da desoneração da folha — agora precisa decidir se vai vetar o aumento via decreto legislativo ou fingir que nada está acontecendo enquanto a arrecadação é sugada para o hiperespaço.
Reforma tributária. “A última esperança”.
O Brasil vive pedindo socorro a uma reforma tributária que nunca chega. Enquanto isso, o IOF — que deveria ser provisório desde 1994 — segue firme, forte e cada vez mais criativo em suas formas de arrecadação silenciosa. Ele é o Darth Vader do sistema fiscal: já foi humano, virou máquina e hoje é parte da engrenagem estatal.
A esperança está em colocar limites claros e transparência na cobrança do IOF, reduzindo seu peso e imprevisibilidade. Mas, por enquanto, tudo o que temos é um vilão cada vez mais confortável no trono da arrecadação emergencial.
O mais revoltante nessa nessa saga fiscal não é o imposto em si, mas o roteiro que o governo decidiu ignorar.
Durante anos, especialistas, analistas e até o bom senso alertavam: não dá pra sair gastando como louco achando que a conta nunca vai chegar. Pois chegou. E agora, em vez de cortar gastos, ajustar as velas e pilotar com responsabilidade, o governo prefere espremer quem produz, investe e movimenta a economia — como se o buraco tivesse surgido do nada, e não tivesse sido escavado a pá por decisões políticas míopes e populistas.
A verdade é simples: a alíquota subiu porque as despesas não desceram. E quem paga essa fatura intergaláctica somos todos nós.