Oportunidades

Mineração no Brasil: um drive de desenvolvimento econômico

De forma natural, a responsabilidade e os desafios só tenderão a crescer, mas as oportunidades tendem a se ampliar

Foto: unsplash
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Não é de hoje que a mineração ocupa papel central na formação econômica do Brasil. Desde o ciclo do ouro, ela esteve entre os vetores que moldaram a trajetória do país, ainda que, por muito tempo, marcada mais pela condição de atividade extrativa e fornecedora de insumos do que pelo seu potencial de desenvolvimento local. Hoje, o cenário é diferente: há normas e diretrizes mais claras; especialistas, empresas e políticos discutindo de forma ampla e aberta; e companhias incorporando, ainda que gradualmente, padrões de responsabilidade socioambiental. Tudo isso fortalece a percepção de que a mineração é mais do que extração de recursos naturais, é um vetor sólido de crescimento econômico.

De forma natural, a responsabilidade e os desafios só tenderão a crescer, mas as oportunidades tendem a se ampliar. Se antes a mineração era associada a exploração de recursos e vulnerabilidades típicas da doença holandesa, hoje começa a se consolidar como setor capaz de impulsionar desde pequenas regiões até países. A demanda crescente por metais críticos, fundamentais para a transição energética, reforça esse movimento: a mineração se transforma em um dos principais direcionadores do presente.

Esse papel se explica pelo efeito multiplicador. Na economia, ele representa a capacidade de um investimento inicial gerar impactos que se espalham pela renda e por diferentes setores. Em linhas simples, cada real aplicado pode se transformar em um ganho muito maior para o PIB, estimulando empregos, consumo e novos investimentos. No caso da mineração, o efeito é ainda mais visível: novos projetos criam empregos diretos e movimentam cadeias de transporte, construção, energia, comércio e serviços, resultando em infraestrutura e em maior disponibilidade de recursos, reforçando o desenvolvimento regional.

Em 2024, a mineração representou cerca de 4% do PIB brasileiro, segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), além de ocupar papel de destaque nas exportações. Hoje, o setor é peça central em um cenário global que exige insumos essenciais para baterias, carros elétricos, turbinas eólicas e painéis solares. Nesse contexto, o Brasil vem mostrando potencial de se tornar protagonista, com reservas relevantes e capacidade de ampliar sua produção.

Mas os desafios não são pequenos. O setor demanda um olhar cada vez mais atento para os aspectos ambientais e sociais, assim como para os custos de produção. Em um mercado exposto a preços e demandas globais, a eficiência operacional e a responsabilidade socioambiental deixam de ser diferenciais e passam a ser condições básicas de competitividade. Empresas que conseguem alinhar esses fatores reduzem riscos, ampliam acesso a capital e fortalecem sua credibilidade junto a investidores. Em última instância, isso se reflete em melhores condições de financiamento e em um valuation mais claro e consistente.

Entretanto, os riscos permanecem. A volatilidade dos preços internacionais das commodities segue como um desafio central, sobretudo em situações de forte concentração de demanda. Além disso, o processo de licenciamento ambiental deve ser um ponto de atenção, pois é um fator que impacta diretamente os prazos e retornos esperados. Nesse cenário, companhias com maior disciplina de capital e sólida gestão socioambiental tendem a capturar valor de forma mais consistente ao longo do tempo, fortalecendo sua posição estratégica no mercado.

Apesar dos desafios, as oportunidades são evidentes. A mineração brasileira vive um momento de ventos favoráveis, no qual pode se consolidar como fornecedora global de metais críticos para a transição energética e, ao mesmo tempo, modernizar sua imagem perante investidores e sociedade. O futuro do setor dependerá de sua resiliência e da capacidade de abraçar, de forma definitiva e sem ilusões, o crescimento sustentável, a inovação e a geração de valor de longo prazo.