Dia do Empreendedorismo Feminino

Mulheres na liderança financeira: como inovação e diversidade dentro das empresas mudaram o perfil da CFO

Instituído há uma década pela ONU para trazer atenção ao tema, o Women's Entrepreneurship Day (WED) é mais do que uma data comemorativa

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Instituído há uma década pela ONU para trazer atenção ao tema, o Women’s Entrepreneurship Day (WED), ou Dia do Empreendedorismo Feminino – celebrado em novembro – é mais do que uma data comemorativa. Ele tem motivado uma série de ações e eventos que contribuem para o ecossistema de empreendedorismo como um todo. Inspirada por esse movimento, quero compartilhar um pouco da minha experiência como CFO de uma fintech líder em despesas corporativas no país e como integrante ativa do W-CFO Brazil.

Quando passei a compor o grupo, que é formado por mulheres CFOs e C-level com o objetivo de fomentar o diálogo sobre finanças e economia, não imaginava que o impacto no meu cotidiano seria tão abrangente. Estar próxima de outras profissionais que vivem desafios semelhantes na prática da gestão de despesas corporativas e conversar com colegas mais experientes, que já passaram por situações parecidas com as que vivencio, fez com que eu aprendesse com mais agilidade e de forma empírica.

Neste ano, o programa de mentoria já está em sua 7ª edição, onde turmas de cerca de 100 mulheres atuantes no setor financeiro e no ecossistema corporativo do país trocam aprendizados, discutem incertezas e se desenvolvem mutuamente e junto ao grupo. O interesse cresceu não só porque questões de diversidade têm ganhado mais relevância, com o avanço do ESG, mas sim por conta da rápida transformação do cenário de negócios — levando profissionais a buscarem maior suporte.

O perfil das CFOs dentro das companhias tem mudado drasticamente. À medida em que mais mulheres foram se inserindo no mercado de trabalho em postos de liderança, o modelo de gestão também foi se transformando, passando de um formato altamente hierárquico, burocrático e moroso para uma estrutura dinâmica, mais horizontal e estratégica. Hoje, a pessoa responsável pelo setor financeiro de uma corporação trabalha de forma transversal e precisa dialogar com praticamente todas as áreas para poder desempenhar bem seu trabalho.

Entre os temas que estão sempre em pauta, cito as constantes mudanças regulatórias pelas quais nosso setor vem passando. No Brasil, temos um Banco Central proativo frente à inovação, o que, além de incomum, é um privilégio. Essa perspectiva favorável ao ecossistema, no entanto, exige trabalho em dobro e constante atenção às movimentações legais em assuntos como pagamento, Banking as a Service e democratização do acesso ao sistema financeiro. Isso sem tocar em temas mais políticos, como a discussão tributária e fiscal.

Um assunto que tem disputado a atenção de todas as CFOs e profissionais nesse meio, no entanto, é a implementação tecnológica. Estamos todas em busca de entender o que as novas ferramentas existentes e a verdadeira revolução que veio junto com a inteligência artificial generativa podem fazer por nossas empresas. Já ficou claro que não é pouco, mas é preciso preparar melhor o terreno.

Atuando como executiva do setor, às vezes me deparo com colegas e empreendedores de outros segmentos que estão pulando etapas. O primeiro passo para gerar processos da nova era tecnológica é contar com um sistema integrado e automatizado de gestão de processos — em especial, o financeiro — e estruturação do big data. Um pouco do nosso trabalho no W-CFO envolve também educação e conscientização do ecossistema para essa nova forma de fazer finanças.

Por sorte, essa transição também acontece num momento em que podemos trabalhar com as finanças de um jeito mais “feminino”, no melhor dos sentidos. Se antes contávamos apenas com referenciais masculinos e sua forma de fazer negócios, as novas lideranças têm aprendido aos poucos a aplicar o que as mulheres têm a oferecer com relação à comunicação aberta e transparência, gestão horizontal e multidisciplinaridade — habilidades que andavam em falta nos modelos menos diversos de corporação.

Esse processo que tem se desenrolado dentro das empresas e, em especial, no W-CFO Brazil, também permite alguma vulnerabilidade, um fator que considero importante no desenvolvimento de talentos. Afinal, quando passamos a observar o erro como algo natural na jornada das empreendedoras, aprendemos não só com os nossos próprios deslizes, mas também com os de quem já trilhou o caminho. Sem síndrome de impostora e sem constrangimento, mas com entusiasmo e inspiração ao olhar para quem vem a seguir.

Acesse a versão completa
Sair da versão mobile