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Num universo não tão distante, onde o presidente sugere que o consumidor não compre produtos caros, o Brasil da elite vai cada vez mais na contramão.
Sim, estamos falando do mercado de luxo em Pindorama, um setor que, diferente da desaceleração global, desfilou pelo tapete vermelho do crescimento enquanto o resto do mundo tropeçava no próprio salto.
Enquanto marcas icônicas enfrentam sérios desafios, nosso amado país se destaca com um crescimento anual de 18% no segmento de luxo.
Trocamos a personagem “Miranda”, de ‘O Diabo veste Prada’, por Carmem Miranda, de ‘O Diabo investe em Prada’, um filme com orçamento digno de Oscar, belíssima trilha sonora e uma fotografia bem estranha, com tons de preto e cinza.
Nossa Miranda não investe em fast fashion – ela compra LVMH, Prada e Hermès.
O Mercado de Luxo: Entre Chanel e a Selic
Enquanto a economia global desacelera, o Brasil resolveu abrir um espumante para celebrar. O setor de luxo cresceu por aqui, impulsionado por fatores como a ascensão de uma nova elite econômica e a necessidade de diferenciação social (vulgo: “me note”).
Nos últimos seis meses, gigantes do setor como LVMH, Kering e Prada viram suas ações despencarem. A LVMH, controladora de marcas como Louis Vuitton e Fendi, registrou uma queda de 20%, enquanto a Kering – responsável por grifes como Gucci e Balenciaga – amargou uma desvalorização de 30%.
But not here! Not in Brazil!
Um relatório recente da Forbes apontou que, enquanto o consumo mundial desse mercado desacelerou, o Brasil teve um desempenho extraordinário.
Mas o que diabos está acontecendo?
- O Brasil virou a nova Paris?
Com o dólar instável e viagens internacionais mais caras, os brasileiros decidiram gastar por aqui mesmo. Afinal, se não dá pra exibir uma bolsa nova na Champs-Élysées, ao menos dá para ostentar um vestido no Instagram do Fasano.
- A “Carmem Miranda” compra o que?
O consumidor de alto padrão não compra apenas um produto. Compra status, exclusividade e experiência, e marcas de luxo sabem disso: deixem as liquidações para as Lojas Renner.
- Juros altos, mas só para os pobres.
A alta taxa Selic freou o consumo da classe média, mas o pessoal do private banking não foi afetado. Para quem tem capital investido em ativos dolarizados, a volatilidade do mercado foi resolvida com um retoque no blush.
O Lado Sombrio do Luxo
Mas nem tudo são pérolas e cashmere. Existe um risco nesse crescimento: será que essa expansão é sustentável ou estamos vivendo um luxo bolha? Afinal, quando a maré baixa, vemos que a marca da sunga é “Louis Vitão”, um achado da 25 de março.
O que nos leva à pergunta final: Miranda Priestly investiria nesse mercado agora?
Provavelmente sim, mas com estratégia. O investidor que entende de luxo sabe que marcas mantêm sua força mesmo em crises. Enquanto o varejo comum queima estoque, as grifes aumentam preços. E o público-alvo? Esse continua comprando, porque, para alguns, recessão é apenas substantivo difícil de escrever.
Em resumo, o mercado de luxo no Brasil está de salto alto enquanto o resto do mundo caminha descalço. O diabo, meus amigos, não veste Prada à toa. Ele investe nela. E você?