Hora de pensar

O medo é de errar… ou de ser julgado?

Em sua coluna, Darla Sierra reflete sobre o medo de errar e as inseguranças enfrentados ao longo da vida. Vem conferir!

O medo é de errar… ou de ser julgado?
Foto: ilustraão

Esses dias, me peguei lembrando da Darla dos 20 e poucos anos. Pode ser um sentimento de quem está prestes a completar 40, ou apenas o exercício de quem olha para trás tentando entender como chegou até aqui — e para onde ainda quer ir.

A Darla dos 20 e poucos carregava uma angústia que talvez também seja a sua:
“O que é que eu  fazendo da minha vida?”

Na época, eu cursava Letras – Português. Era apaixonada pela linguística, pelos livros, pela ideia de um futuro acadêmico. Mas, no meio da graduação, comecei a trabalhar no mercado financeiro — e tudo mudou.

Passei a conviver com pessoas que falavam de produtos, estratégias, investimentos… E eu, que vinha de um universo onde a análise do discurso era rei, me sentia uma completa outsider.

Não era mais a menina da sociolinguística. Mas também não era a especialista em Economia. Ficava no meio, tentando me encaixar — e, ao mesmo tempo, tentando não me perder.

Essa sensação de insuficiência me acompanhou por um tempo. Talvez fosse insegurança de quem está começando. Talvez fosse o medo inevitável que chega quando a gente decide mudar. E eu mudei.

Mudei de carreira, mudei de país (algumas vezes), mudei de estilo, de repertório, de retórica. Mas, acima de tudo, mudei a mim mesma.

Cresci em Brasília, terra do concurso público, onde a estabilidade é quase um valor cultural. Eu fui na contramão. Fui com medo mesmo. E descobri que, apesar do medo, existe muita coisa boa do outro lado da decisão.

Hoje, vejo uma nova geração enfrentando outro tipo de dilema: a abundância de caminhos e o pavor de fazer a escolha errada. A liberdade virou ansiedade. A autonomia virou peso. E, no centro disso tudo, lá está ele de novo: o medo.

Mas a pergunta que eu te faço, leitor, é outra: Será que o medo é mesmo de errar? Ou é o medo de ser julgado?

Errar faz parte. Recomeçar também. Pivotar, cair, levantar, recomeçar de novo. Isso tudo é vida real — e é assim que se constrói uma trajetória autêntica.
Só que ser julgado… dói mais.

Ser mal interpretado. Ser colocado em caixinhas. Ser chamado de instável, indeciso, imaturo. A gente aprende desde cedo que precisa acertar. Mas ninguém ensina como lidar com os dias em que a gente simplesmente não sabe.

E se, no fundo, o verdadeiro ato de coragem não for escolher o caminho certo, mas continuar andando mesmo sem garantia nenhuma?

Se eu pudesse dizer algo para aquela Darla dos 20 e poucos, seria:
Você não precisa provar nada pra ninguém. Você só precisa seguir em frente, com verdade.

E tudo bem se isso significar mudar de ideia. Trocar de rota. Reescrever o plano.
É isso que transforma caminhos em histórias. E histórias em legado.

Mas a pergunta que eu te faço, leitor, é outra: Será que o medo é mesmo de errar? Ou é o medo de ser julgado?

Para a Darla de 20 anos atrás, eu diria:“Calma, vai dar certo.”

Você vai dar aula sobre Análise do Discurso e Finanças Comportamentais para profissionais do mercado financeiro em dois MBAs.

E adivinha só? Seu segundo livro vai ser sobre o impacto da comunicação — e da análise do discurso — na construção de uma marca pessoal de sucesso.

E o que eu digo para você? As suas escolhas — pessoais e profissionais — são uma curadoria de experiências únicas.

Se bem-feitas, elas farão de você um profissional com ainda mais habilidades… e habilidades distintas dos demais.

O que parecia meu ponto fraco, eu transformei no meu diferencial dentro do mercado financeiro. A gente se encontra na próxima coluna ou no meu instagram.

Darla Sierra

Colunista

CEO da VLG Investimentos, fundadora do @meninasde30, escritora, palestrante e uma das Embaixadoras XP B2B 2025, com quase 20 anos de atuação no mercado financeiro.

CEO da VLG Investimentos, fundadora do @meninasde30, escritora, palestrante e uma das Embaixadoras XP B2B 2025, com quase 20 anos de atuação no mercado financeiro.