Opinião

Por que os grandes estão quebrando?

Devemos ter em mente que nenhum empreendimento comercial é livre de riscos

Casas Bahia, Magazine Luiza e Tok&Stok agora fazem parte da lista das grandes varejistas que recentemente anunciaram déficits altos e isso me faz questionar o que poderiam ter feito de diferente para evitar que esse cenário se tornasse uma realidade. Devemos ter em mente que nenhum empreendimento comercial é livre de riscos, entretanto, as empresas do setor de varejo parecem cada vez mais vulneráveis, por quê?

É claro que fatores externos têm uma parcela razoável de contribuição para os desafios do varejo, afinal, muitos não são possíveis de prever e acabam prejudicando o planejamento. As altas taxas de juros, por exemplo, tendem a desestimular bastante o consumo, pois o crédito fica bem mais caro. As margens são apertadas e o lucro vem do giro da economia, do volume. De novo, com taxas altas, o volume cai.

Por outro lado, é fácil culpar terceiros pelo fracasso ou por alguma dificuldade. O ponto é que nada disso é uma novidade, então diria que faltam duas coisas: aprendizado e inovação. Aprender com o que não deu certo e mudar a forma de atuar em algo já conhecido. E inovar no sentido de partir para algo realmente diferente, sair desse oceano vermelho e ir para o azul, que é o que uma cultura de alta performance englobaria.

As empresas, principalmente do setor de varejo, precisam estar constantemente de olho em possíveis melhorias, mesmo que sejam pequenas a princípio, para os seus negócios do dia a dia. Além de também vislumbrar coisas diferentes do que todos estão acostumados, fugir de ideias e ações óbvias, pois é a adoção desse comportamento que será capaz de trazer resultados tanto no médio como no longo prazo. Tudo parece meio óbvio, mas nem tudo é colocado em prática.

Neste sentido, os OKRs – Objectives and Key Results (Objetivos e Resultados Chaves) – são uma ferramenta perfeita para conseguir melhorar a rotina da empresa e trazer uma inovação mais disruptiva, pois nos provoca sempre a elevar a barra de um ciclo para o outro. Desta forma, teria sido possível minimizar ou até evitar as situações que as grandes varejistas estão enfrentando atualmente.

No entanto, vale lembrar que os OKRs não conseguem fazer milagres sozinhos e precisam de uma gestão consolidada para que funcionem. Por essa razão, é necessário uma liderança próxima e atuante, o que também é premissa da gestão por OKRs. Casas Bahia, Magalu e Tok&Stok precisam justamente dessa junção: uma ferramenta eficaz utilizada por pessoas que saibam compreender suas funções, para aplicá-las da maneira correta.

Aliado a essa questão, também é importante trazer os times para levantar cada pedra e encontrar algo que pode ser melhorado e até mesmo mudado, no curto prazo. Algo que vai trazer um corte de custos ou uma evolução de processo que vai torná-lo mais eficiente e rápido. Assim, é viável ter clientes mais satisfeitos e talvez voltando a comprar com mais frequência na sua loja e não na do concorrente.


Pedro Signorelli é um dos maiores especialistas do Brasil em gestão, com ênfase em OKRs. Já movimentou com seus projetos mais de R$ 2 bi e é responsável, dentre outros, pelo case da Nextel, maior e mais rápida implementação da ferramenta nas Américas. Mais informações acesse: http://www.gestaopragmatica.com.br/