
Fazer negócios sempre foi lidar com riscos e um novo relatório da Aon sobre os principais riscos percebidos por líderes empresariais revela tendências que são, ao mesmo tempo, surpreendentes e previsíveis. No topo das preocupações atuais — e também futuras — continuam os ciberataques e vazamentos de dados. Contudo, um novo fator entrou na lista dos dez maiores riscos: a volatilidade geopolítica.
Desde a última edição da pesquisa, realizada em 2023, a instabilidade na governança mundial subiu 12 posições e hoje ocupa o nono lugar entre os maiores riscos corporativos, com projeção de chegar ao quinto até 2028. A ascensão reflete uma realidade incontornável: a volatilidade global e a incerteza se tornaram permanentes no mundo dos negócios. As consequências não são abstratas — afetam diretamente o desempenho financeiro das empresas, alteram cadeias de suprimentos, influenciam decisões estratégicas e expõem vulnerabilidades que podem custar caro. Apesar disso, o levantamento mostra que apenas 14% das companhias monitoram ativamente sua exposição a esses riscos, tornando-se ainda mais suscetíveis.
O desafio não está em eliminar o risco — o que é impossível —, mas em aprender a administrá-lo. Empresas resilientes entendem que riscos podem se transformar em alavancas de inovação e vantagem competitiva. Para isso, é essencial mapear vulnerabilidades, integrar a avaliação de risco à estratégia e investir em mitigação.
No campo da cibersegurança, isso pode significar ampliar investimentos em inteligência artificial para proteção de dados; na logística, adaptar cadeias de suprimentos e adotar métodos de previsão em tempo real para reagir rapidamente a mudanças políticas e econômicas globais. No fim, os riscos são desafios que exigem respostas coletivas. Criar uma cultura corporativa em que cada área compreenda suas responsabilidades e atue de forma coordenada é o que diferencia as organizações capazes de avançar enquanto outras recuam. Uma abordagem estratégica não apenas protege o negócio — ela pode permitir que ele prospere onde concorrentes fracassam, convertendo ameaças em vantagem competitiva.
Outro ponto crítico é a gestão de pessoas. Ter equipes desbalanceadas, salários desalinhados ou competências inadequadas representa risco real e constante. Ferramentas recentes de inteligência artificial, como a função Task Intelligence lançada pela plataforma de RH Beamery, permitem avaliar talentos, funções e tecnologia, fornecendo dados estratégicos para decisões mais precisas. Empresas que adotam esses recursos conseguem ajustar equipes, reter talentos e otimizar processos sem comprometer produtividade.
O ponto central é que riscos não devem ser vistos apenas como ameaças. Eles indicam oportunidades inexploradas, caminhos para inovação e possibilidades de reinvenção. Empresas que adotam essa mentalidade encaram a incerteza não como obstáculo, mas como motor de crescimento. Ao transformar riscos em estratégia, líderes não apenas se protegem — constroem um futuro mais competitivo, resiliente e sustentável.
*Luiz Gustavo Neves é cofundador e CEO do GigU, anteriormente StopClub, um copiloto inteligente que aumenta a performance financeira e a segurança de motoristas e entregadores de aplicativo.