M&A familiar

Unio Company capta US$ 18 mi para iniciar operações nos EUA 

"O objetivo é construir um track record sólido, que nos permita, a curto prazo, atrair capital institucional e investidores", disse CEO

Foto: Divulgação
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A Unio Company anunciou recentemente que captou R$ 18 milhões com o intuito de construir um histórico robusto e atrair investidores institucionais, preparando o terreno para a criação de um fundo imobiliário estruturado e regulamentado. 

Em busca de novos horizontes, a Unio deu um passo ambicioso com sua internacionalização para os EUA. A decisão foi impulsionada pelas melhores condições do ambiente norte-americano para o desenvolvimento imobiliário, como segurança jurídica e estabilidade econômica, apesar dos desafios locais. A afirmação é de Gustavo Didier, CEO da Unio Company e especialista em negócios e empresas.

A companhia nasceu da necessidade de conduzir um processo de M&A familiar, ainda sob o nome de GDS Intermediações LTDA, criada por Gustavo Didier. O que começou como uma demanda pontual rapidamente evoluiu para um propósito maior: desenvolver soluções financeiras sólidas, modernas e acessíveis para o mercado. Desde então, a empresa tem se consolidado como referência em estruturação financeira e desenvolvimento de negócios.

O CEO conversou com BP Money sobre os planos da empresa em iniciar as operações nos EUA, apesar da guerra comercial que vem acontecendo.

Confira a entrevista na íntegra: 

Como a ideia de internacionalização surgiu e quais foram os desafios para abrir as operações nos EUA?

Embora desafiadora, a internacionalização se mostrou um passo natural no nosso processo de crescimento. A ideia surgiu ao percebermos que o ambiente norte-americano oferece condições muito mais favoráveis para o desenvolvimento imobiliário — tanto em termos de previsibilidade regulatória quanto em relação à segurança jurídica e estabilidade econômica. Em contraste, o Brasil ainda enfrenta entraves como juros elevados, burocracia excessiva e instabilidades políticas. Claro, os EUA também apresentam seus desafios — como a complexidade do sistema tributário, a concorrência acirrada e a necessidade de se adaptar rapidamente a um novo ambiente de negócios — mas ao fazer as contas, os números mostram que o retorno, a agilidade e a segurança proporcionados ao investidor justificam plenamente esse movimento.

Como os US$ 18 mi captados estão sendo investidos e quais resultados esperam alcançar?

Apesar de parecer expressivo, prefiro enxergar esse aporte como um MVP — um Produto Mínimo Viável. Essa primeira rodada de investimentos está sendo alocada em projetos pontuais, cuidadosamente selecionados, com alto potencial de retorno e baixo risco. O objetivo é construir um track record sólido, que nos permita, a curto prazo, atrair capital institucional e investidores menos familiarizados com o mercado imobiliário norte-americano. A médio prazo, a meta é transformar a UREI em um fundo imobiliário bem estruturado, regulamentado por todos os órgãos necessários com a SEC (U.S. Securities and Exchange Commission), similar a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) no Brasil, e assim, capaz de captar volumes significativamente maiores, nos posicionando para atuar em projetos de maior escala, tanto nos Estados Unidos quanto, futuramente, em outros mercados estratégicos.

A parceria com Brunno Monteiro é um dos pilares da expansão. Como vocês avaliam o impacto da colaboração para a Unio nos EUA?

Poucos profissionais que conheci ao longo da jornada reúnem a combinação de visão estratégica, experiência de campo e valores humanos como o Brunno Monteiro. Assim como nós, ele começou do zero, apostou no mercado americano e venceu cada obstáculo com coragem, resiliência e ética. Hoje, é uma referência não apenas entre a comunidade  brasileiros nos EUA, mas também no setor imobiliário como um todo. A sinergia foi imediata — compartilhamos princípios, visões e a vontade de fazer diferente. Mais do que uma parceria estratégica, trata-se de uma união baseada em confiança mútua e propósito.

A proposta de rentabilidade entre 16% e 24% ao ano chama atenção. O que torna esse modelo de negócios viável?

O que nos permite trabalhar com uma margem de rentabilidade atrativa é justamente o profundo domínio do ciclo completo do empreendimento — da estruturação financeira à entrega da chave. Acumulamos mais de uma década de experiência atuando em cada etapa: planejamento, finanças, incorporação, engenharia, arquitetura, vendas e, principalmente, execução da obra. É aí que mora o diferencial. Processos bem definidos, gestão eficiente e controle rigoroso de prazos e custos fazem com que o tempo de obra seja reduzido drasticamente — e, como se sabe, tempo é dinheiro. Quando se tem processo, o risco reduz, a eficiência cresce, e os retornos se tornam mais previsíveis.

Como a Unio pretende adaptar sua expertise brasileira ao mercado imobiliário dos EUA?

Um dos pilares da nossa atuação é a adaptabilidade. Temos consciência de que cada mercado tem suas peculiaridades — culturais, regulatórias e operacionais. Ao invés de tentar replicar modelos, buscamos aprender com o ambiente e adaptar o que temos de melhor. Há práticas brasileiras que, com ajustes, podem agregar muito nos EUA, e o contrário também é verdadeiro. Acreditamos em uma via de mão dupla: levar inovação onde for possível e absorver o que há de mais eficiente em cada mercado em que atuamos.

Olhando para frente, quais são as metas da Unio no cenário global? A expansão para outros países está nos planos?

Nosso foco atual é consolidar, com excelência, a operação imobiliária nos Estados Unidos. Acreditamos que a solidez deve sempre vir antes da escala. Mas temos uma visão global. O mundo está repleto de oportunidades e estamos atentos a elas. O crescimento internacional virá naturalmente, à medida que estivermos prontos e o ambiente for favorável. Estamos comprometidos com a entrega de valor onde quer que atuemos, independentemente do idioma, da distância ou do setor.