A Zapping, plataforma de streaming de TV, iniciou suas operações há sete anos no Chile com canais abertos. No momento a companhia conta com cerca de 180 mil assinantes no país e no Brasil chegou com o foco em oferecer serviços para o mercado B2B e B2C. Em cinco meses a empresa cresceu 200% no B2B (Business-to-Business).
Segundo a empresa, o avanço veio da percepção de uma lacuna no mercado de SVAs para provedores, já que muitas alternativas enfrentam falhas técnicas, indisponibilidade em dispositivos e lentidão na troca de canais.
Nesse sentido, em entrevista ao BP Money, Matías Délano, CRO & Country Manager Brasil da Zapping, apontou que o cenário econômico global e as políticas protecionistas dos EUA não afetaram de forma significativa a operação da companhia, que tem sua matriz em Delaware.
No Brasil, mesmo com o debate em torno do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), a Zapping afirma que não houve impactos diretos em contratos ou custos de operação, já que a maior parte de seus acordos de conteúdo é firmada com empresas nacionais. Para a expansão no país, a empresa vê a entrada de grandes players estrangeiros como um risco, mas também como uma oportunidade de fusões, aquisições ou parcerias que fortaleçam sua presença no mercado local.
Confira a entrevista na íntegra:
Zapping cresceu 200% no B2B em cinco meses. Qual foi a principal estratégia para isso?
Ao avaliar o mercado de SVAs de streaming para provedores, percebemos que havia uma oportunidade e que nosso produto tinha uma vantagem competitiva forte: ele funciona, os usuários finais o utilizam e gostam. Pode parecer simples, mas a verdade é que nem todas as alternativas de streaming de TV para provedores funcionam. Muitas travam, não estão disponíveis em todos os dispositivos, e a experiência de trocar de canal pode levar até 10 segundos. Ao perceber isso, nossa estratégia se baseou em montar uma equipe muito experiente, liderada por Aline Cavalcante, nossa Head Comercial, em uma comunicação simples, mas verdadeira: “Zapping Funciona”. Hoje, mais de 80% dos nossos novos clientes têm um contrato vigente com algum streaming de TV concorrente, mas mesmo assim, ao ver nosso produto, decidem contratá-lo pelo simples fato de que ele funciona e de que seus usuários finais deixarão de ter problemas.
Em relação ao Celso, ele gosta de se envolver e tem um conhecimento macro do mercado de provedores. Já me conectou com pessoas relevantes da indústria e até participou dessas reuniões. Além disso, na comunicação e no marketing que fizermos com ele, o Celso vai se dirigir ao nosso mercado B2B para atrair mais clientes.
As tarifas de 50% impostas por Trump a produtos brasileiros impactam direta ou indiretamente o negócio?
A matriz da nossa empresa está em Delaware, Estados Unidos, o que felizmente protegeu algumas das possíveis consequências tributárias que essas. Independentemente disso, para a operação da Zapping Brasil e dos demais territórios; Equador, Chile e Peru, isso não significou nenhuma alteração relevante em nossos economics.
O debate recente sobre aumento do IOF mostra a instabilidade tributária no Brasil. Isso afeta o planejamento da operação?
A incerteza política e econômica nunca é boa, mas até o momento, isso não teve nenhum impacto operacional nem para os investidores. A Zapping também é uma empresa brasileira e a maioria dos nossos contratos de conteúdo são brasileiros, portanto, essa possível mudança não teria um impacto nos nossos custos.
A expansão da Zapping no Brasil pode ser afetada pela entrada de novos players estrangeiros?
É um risco, mas também é uma oportunidade. Eu prefiro ver como oportunidades de mercado. O Brasil é um país com um potencial gigantesco e um dos meus principais aprendizados vivendo e cuidando da operação daqui de São Paulo é que, estando aqui, abrimos um continente, e não apenas mais um país. Acho que, se um big player quiser entrar, a primeira coisa que vai fazer é revisar a concorrência, e ter uma plataforma com estrutura, clientes e tecnologia de ponta como a Zapping pode se tornar uma possibilidade de aquisição, fusão, joint venture ou qualquer outra que potencialize nossa empresa.
Com câmbio volátil e políticas protecionistas em alta, como manter preços competitivos e atrativos para provedores?
Esse é um dos grandes desafios que enfrentamos, especialmente no B2C. Mais do que pela volatilidade econômica, é pelos volumes de clientes que nossos concorrentes têm. Esses volumes lhes permitem ter melhores custos e, consequentemente, melhores preços. Nossa tese é que temos a melhor tecnologia para assistir televisão (canais lineares) pela internet, portanto, precisamos crescer em assinantes que praticamente não nos deixam margem, para no futuro termos bases relevantes e melhorarmos nossos custos e preços. Essa tese já foi testada no Chile e no Equador e queremos replicá-la no Brasil.
Quais os próximos passos para sustentar o crescimento no Brasil, tanto no B2B quanto no B2C?
O principal desafio agora é continuar crescendo no mercado B2B e posicionar a marca em todo o Brasil com a ajuda do Celso. Além disso, o que deve acontecer nos próximos 12 meses são grandes parcerias e o fortalecimento da proposta de conteúdo. Parcerias com os 10 maiores provedores do país, alianças comunicacionais com canais de TV ou do YouTube, novas afiliadas da Globo para fortalecer a proposta de conteúdo e a possibilidade de conteúdos exclusivos, como fizemos com o Paulistão no início deste ano.