O estado de São Paulo (SP) caminha para o terceiro dia consecutivo de apagão, com mais de 500 mil residências sem energia elétrica apenas na capital, e a Enel tem culpa no cartório, segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Segundo o diretor-geral da agência, Sandoval Feitosa, a empresa mobilizou menos técnicos do que deveria.
Ainda de acordo com Feitosa, a Enel não cumpriu com o plano de contingenciamento para enfrentar a crise climática e evitar grandes apagões. “A percepção que nós temos a respeito da recuperação do serviço é que ela [a Enel] de fato não tem atendido todas as expectativas com relação ao ano passado”, afirmou Saldoval.
A Aneel afirma que 2,1 milhões dos 2,6 milhões de consumidores afetados por interrupções no fornecimento de energia em São Paulo estão localizados na área de concessão da Enel. O Procon-SP anunciou que vai notificar a Enel para explicar a demora para a volta da energia.
No domingo, a empresa afirmou que o serviço foi restabelecido para 1,4 milhão de clientes, mas não definiu prazo para solução do problema para os 698,8 mil que ainda estão no escuro. Na manhã desta segunda, a concessionária atualizou o número: 537 mil continuavam sem energia elétrica.
Segundo a Enel, cerca de 354 mil estão na capital paulista, 38,1 mil em São Bernardo do Campo, 36,9 mil em Cotia e 32,7 mil em Taboão da Serra.
Segundo a Enel, cerca de 1.700 técnicos estão trabalhando para tentar resolver o problema, e equipes de outros estados, como Rio de Janeiro e Ceará, e até funcionários de outras distribuidoras, serão utilizados para ampliar o grupo de profissionais dedicados à força-tarefa.
Aneel diz que pode rever concessão da Enel
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) informou que, dos 2,6 milhões de endereços afetados pela falta de energia na cidade de São Paulo e em municípios do interior devido às chuvas e ventos fortes na última sexta-feira (11), 2,1 milhões estão na área de atuação da Enel.
A Aneel declarou que a empresa será intimada imediatamente a fornecer explicações, alertando que poderá reavaliar a concessão e recomendar sua “caducidade” ao Ministério de Minas e Energia caso não apresente uma solução rápida e eficiente para a normalização do serviço.
Em comunicado, a Enel informou que, dos 2,1 milhões de consumidores afetados, 650 mil já tiveram o fornecimento de energia restabelecido. No entanto, a empresa não forneceu um prazo para a solução completa do problema no Estado. Além da capital, os municípios mais impactados incluem Taboão da Serra, Cotia, São Bernardo do Campo, Santo André e Diadema.
No início de novembro do ano passado, um apagão provocado por um temporal também deixou quase 4 milhões de endereços sem energia em São Paulo. Na ocasião, o serviço levou uma semana para ser totalmente restabelecido após o evento climático extremo.