“Não conheço outra maneira de guiar senão de maneira arrojada. Quando é hora de ultrapassar, eu ultrapasso”, as palavras, estendem à geração atual um vislumbre de quem foi Ayrton Senna: um herói que nunca deixou o pódio no coração e imaginário dos brasileiros.
Para os amantes da Fórmula 1, cada curva e volta guarda altas emoções e expectativas. Para o Brasil, a curva Tamburello, no autódromo de Ímola, levou ao pior cenário possível: a morte de Ayrton Senna.
O brasileiro disputava o Grande Prêmio de San Marino, em 1994, tentando conquistar o tetracampeonato com a Williams, equipe com quem se juntou após deixar a McLaren, com quem venceu três mundiais.
A figura criada por Senna teve tamanha força e relevância que, mesmo hoje, quem não viveu seu tempo e assistiu ao vivo seus triunfos, sabe que sua forma de pilotagem e ânsia de conquista eram sem iguais.
“Correr, competir, eu levo isso no meu sangue. É parte de mim. É parte de minha vida”, expressou o piloto.
Relembre as conquistas e marcos de Ayrton Senna
Natural de São Paulo, homem e piloto moldaram-se nas pistas de corrida durante toda a vida. Aos quatro anos, Ayrton Senna ganhou do pai um modelo Kart de presente.
Foi lá que sua jornada até a Fórmula 1 teve início, sendo bicampeão paulista, bicampeão brasileiro e bicampeão sul-americano.
Acostumado às ultrapassagens, o brasileiro levou a mesma disposição à Europa, quando venceu a Fórmula Ford, em 1981, e a Fórmula 3, em 1983. Chegando a tão sonhada Fórmula 1 no ano seguinte.
Mesmo com os testes surpreendentes nas melhores equipes da época – Williams e McLaren – o contrato como piloto titular só aconteceu com a Toleman.
A equipe era pequena. O carro não tinha os melhores componentes e projeto, o que não impediu que Ayrton Senna finalizasse a temporada em 9º posição, aproximando-se, inclusive, de sua primeira vitória no GP de Mônaco.
Sua habilidade tão reconhecida não era em vão, a crença se provou verdadeira no ano seguinte (1985), quando Senna se uniu à Lottus para brigar por vitórias e boas posições. Foi junto à equipe, no GP de Portugal daquele ano, que o brasileiro conquistou seu 1º lugar no pódio.
Sua escalada até a McLaren, em 1988, sem dúvidas rendeu momentos gloriosos e vibrantes para quem acompanhou a conquista dos três títulos mundiais, felizmente registrados na memória humana e digital.
Por 10 anos, Senna consagrou a imagem do herói brasileiro nas pistas. As pessoas precisavam dessa figura, que estendeu a bandeira do País com orgulho em suas 41 vitórias, as mais emocionantes delas, registradas no GP de Interlagos, em 1991 e 1993. Sua última vitória no Brasil.
“Nesses dez anos de Fórmula 1 minhas maiores alegrias vieram da torcida. Do Brasil”, afirmou ele.
Patrimônio bilionário
O legado de Ayrton Senna se estendeu das pistas à conta bancária. Segundo o jornalista Tom Rubython, autor de “A vida de Senna”, o patrimônio do piloto brasileiro chegava ao patamar dos US$ 400 milhões, em 1994, ano de seu falecimento. O que, hoje, seriam US$ 828 milhões, com correção.
O piloto que, durante as temporadas na Fórmula Ford, atuou sem patrocínio e precisou, inclusive retornar ao Brasil para trabalhar na empresa do pai, alcançou o capital milionário com salários, bônus, empreendimentos e patrocínio.
Em seu último ano na McLaren (1993), Senna e a equipe não entraram em um acordo, logo, segundo Martin Whitmarsh, ex-diretor de operações do time, ele recebia US$ 1 milhão por corrida, através de contratos pontuais.
Ayrton Senna chegou a se casar, porém o divorcio veio um ano depois, e mesmo engatando em outros relacionamentos, o tricampeão não teve filhos para quem, naturalmente, a herança seria repassada.
Sendo assim, ao seu negócio filantrópico, o Instituto Ayrton Senna, que realiza projetos na área de educação infantil, foi destinada metade de sua fortuna. Junto com o direito integral pela marca “Senna”, que segue gerando caixa ao órgão com a venda de produtos.