Carnes

Boi gordo em SP atinge R$ 352,65, valor nominal recorde

O preço subiu 10,69% no acumulado do mês, seguindo a tendência que começou em setembro e continuou em outubro, com alta de 16% no mês

Exportações de carne devem aumentar
Foto: Arquivo / Agência Brasil

O preço médio do boi gordo em São Paulo atingiu R$ 352,65 por arroba nesta quarta-feira (27), valor nominal recorde, segundo dados do Cepea/Esalq. A máxima anterior havia sido atingida em 24 de março de 2022, quando o valor nominal chegou a R$ 352,05 por arroba.

O preço subiu 10,69% no acumulado do mês, seguindo a tendência que começou em setembro e continuou em outubro, com alta de 16% no mês. Grandes volumes de exportação e aumento da demanda interna justificam a alta.

Em valores reais, desconsiderando efeitos da inflação, os maiores preços ocorreram em 2020 e 2021, com os efeitos da pandemia. O recorde real do valor é de R$ 368,41, em 11 de novembro de 2020, 4,47% acima do preço registrado nesta quarta-feira (27).

A alta afeta a inflação. O IPCA-15, divulgado na terça-feira (26), mostrou um aumento nos preços da alimentação no domicílio de 1,65% em novembro, ante 0,95% em outubro. As carnes tiveram um peso de 7,54% nesse número.

Carrefour (CRFB3): efeito do boicote à carne de boi não deve ter força a longo prazo

O radar corporativo do mercado financeiro repercutiu na sessão de segunda-feira (25) o boicote dos frigoríficos brasileiros à Carrefour (CRFB3). No entanto, especialistas foram unânimes na avaliação de que o assunto não deve render muitas perdas à empresa no longo prazo.

A polêmica em torno da varejista francesa começou logo na quarta-feira (20), quando o CEO, Alexandre Bompard, questionou a qualidade da carne comercializada pelo Mercosul, afirmando que as mercadorias não cumprem “requisitos e padrões”. Em comunicado, ele afirmou que a Carrefour se comprometeu a não vender mais as proteínas.

Com isso, associações e frigoríficos do Brasil se uniram para rechaçar as declarações e cortar o fornecimento de carne à varejista. A JBS (JBSS3), através da marca Friboi, que corresponde a 80% das carnes vendidas pela varejista, interrompeu o fornecimento da proteína ainda na quinta-feira (21). 

Em seguida, na sexta-feira (22), foi a vez da Masterboi suspender o comércio de 250 toneladas de carne para a empresa.

Porém, na avaliação de Sidney Lima, Analista CNPI da Ouro Preto Investimentos, mesmo gerando impacto ele seria mais direcionado à imagem da empresa do que propriamente ao pilar financeiro do negócio.

“Ainda assim, a situação pode pressionar os resultados financeiros, com possíveis quedas no faturamento e impacto negativo na percepção dos investidores. A reação do mercado dependerá da forma como o Carrefour administrará a crise para minimizar danos à sua reputação e operação”, disse.

Na sessão da véspera, as ações ordinárias do Carrefour fecharam com alta de 1,05%, a R$ 6,71, ao passo que o Ibovespa, principal índice acionário do País, fechou com baixa de 0,07% aos 129.036 pontos.

O efeito midiático também foi reforçado por George Sales, Coordenador do Mestrado Profissional em Controladoria e Finanças da Faculdade FIPECAFI. Para ele, o maior impacto do boicote ao mercado brasileiro seria no câmbio.

“Com câmbio alto, em tese a nossa carne fica barata para exportação e isso acaba pesando internamente nos preços, então acho que o problema maior está no câmbio, não está nem nessas questões de boicote direcionado ou regional”, afirmou o especialista em finanças.