A BYD Auto do Brasil anunciou, na segunda-feira (23), a rescisão imediata do contrato com a construtora terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda, após denúncias de condições de trabalho análogas à escravidão nas obras de sua fábrica em Camaçari, Bahia, como apurado pelo jornal Valor Econômico.
A decisão ocorreu após uma força-tarefa composta por órgãos como o Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF) resgatar 163 trabalhadores chineses em condições degradantes no canteiro de obras.
As investigações revelaram que os operários enfrentavam jornadas exaustivas, com relatos de trabalho por até 25 dias consecutivos sem descanso. As condições de alojamento e alimentação eram precárias, com instalações insalubres e superlotadas. Além disso, houve denúncias de maus-tratos, agressões e restrição de liberdade, já que os trabalhadores tinham sua circulação limitada e eram impedidos de interagir com brasileiros.
Em resposta, a BYD afirmou que não tolera desrespeito às leis brasileiras e à dignidade humana. A empresa determinou a transferência dos 163 trabalhadores para hotéis da região e garantiu que todos os direitos trabalhistas serão assegurados. Alexandre Baldy, vice-presidente sênior da BYD Brasil, declarou: “A BYD Auto do Brasil reitera seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, em especial no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores. Por isso, está colaborando com os órgãos competentes desde o primeiro momento e decidiu romper o contrato com a construtora Jinjiang”.
A Jinjiang Construction Brazil Ltda, de origem chinesa, era responsável por parte das obras na fábrica de Camaçari, adquirida pela BYD após a desocupação pela Ford. A empresa foi trazida ao Brasil pela própria BYD, sendo uma parceira global em construções de fábricas.
O MPT notificou a BYD como corresponsável pelas irregularidades e agendou uma audiência para quinta-feira (26), visando discutir as providências necessárias para garantir condições adequadas de alojamento e regularizar as situações detectadas. A força-tarefa não descarta novas inspeções e continuará analisando documentos relacionados ao caso.
Este incidente ressalta a importância da fiscalização rigorosa nas relações de trabalho, especialmente em projetos de grande porte que envolvem empresas multinacionais e terceirizadas. A atuação conjunta dos órgãos públicos foi crucial para identificar e corrigir as graves violações aos direitos dos trabalhadores, reforçando a necessidade de cumprimento das normas trabalhistas e de respeito à dignidade humana em todas as esferas de atuação empresarial.