
O preço do café moído registrou alta de 77,8% nos últimos 12 meses até março, conforme os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados nesta sexta-feira (11) pelo IBGE.
Somente em 2025, o aumento já soma 30,04%, com 8,14% de variação apenas em março.
Clima e oferta global afetam diretamente o café no Brasil e no mundo
specialistas explicam a alta expressiva no preço do café por uma série de fatores interligados, como a queda na oferta mundial, problemas nas safras de importantes países produtores — como o Vietnã — e, principalmente, condições climáticas adversas.
O café é uma cultura altamente sensível a variações de temperatura, e as altas temperaturas registradas nos últimos meses prejudicaram a produção tanto no Brasil quanto no exterior.
Secas prolongadas, falta de água e geadas sucessivas ao longo dos últimos quatro anos vêm comprometendo as lavouras.
Como consequência, a produção foi reduzida de forma significativa, pressionando ainda mais os preços do produto no mercado interno.
De acordo com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, “o café passou quatro anos sofrendo com geadas, secas e falta de água.
Agora, também sofre com quebras na produção no exterior”.
Consumo interno cresce apesar da alta
Apesar do cenário inflacionário, o consumo de café no Brasil aumentou 1,1% entre 2023 e 2024.
Os brasileiros consumiram 21,9 milhões de sacas de 60 quilos, o que corresponde a 40,4% da safra de 2023, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).
Além disso, o Brasil permanece como o segundo maior consumidor de café do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
A diferença no volume absoluto entre os dois países é de 4,1 milhões de sacas, de acordo com a Abic.
Inflação desacelera, mas alimentos seguem pressionando
Mesmo com a desaceleração do IPCA para 0,56% em março — frente a 1,31% em fevereiro —, os alimentos continuam como principal vetor de pressão inflacionária.
O resultado de março ainda é o mais alto para o mês desde 2003, quando o índice atingiu 0,71%.
Os produtores de café no Brasil têm direcionado a maior parte da produção para o mercado internacional, impulsionados pela alta do dólar e pela crescente demanda externa.
Os produtores, como consequência, reduziram a oferta de café no mercado nacional e mantiveram os preços elevados para os consumidores brasileiros.