(crédito: José Cruz/Agência Brasil)
(crédito: José Cruz/Agência Brasil)

A Caixa Econômica Federal anunciou nesta sexta-feira (10), através de seu presidente, Carlos Vieira, que o banco voltou a financiar a cota de 80% no SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo). Com a declaração, o anúncio foi ovacionado durante a cerimônia de apresentação do novo crédito imobiliário, em São Paulo (SP).

Ele também sinalizou que a Câmara dos Deputados, junto com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e com o apoio do BC (Banco Central), elevou de R$ 1,5 milhões para R$ 2,25 milhões o teto de financiamento do SFH (Sistema Financeiro de Habitação).

O presidente ainda afirmou que ações dessa natureza, e de forma conjunta, estimulam o segmento de construção civil.

O governo lançou nesta sexta um pacote para o mercado imobiliário. A iniciativa é voltada para a classe média, desde o financiamento a reformas e melhorias habitacionais.

Com Galípolo, Lula lança novo modelo de crédito imobiliário

Durante evento na cidade de São Paulo (SP), nesta sexta-feira (10), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou um novo programa de crédito imobiliário do seu governo, com expectativa de financiar 80 mil novas moradias até o final de 2026.

novo programa amplia o limite de financiamento de imóveis de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões, com teto de juros de 12% ao ano, e utiliza recursos da poupança para irrigar o crédito imobiliário.

Lula fez o anúncio do programa durante o evento Incorpora 2025, um dos maiores do setor imobiliário e que é realizado na cidade de São Paulo.

Estavam juntos a Lula durante o anúncio o vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o ministro das Cidades, Jader Filho, e o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.

“Quem ganha dez mil reais não consegue comprar uma casa, nem obter financiamento nos bancos. É para essas pessoas que esse programa foi pensado”, disse Lula, em um discurso marcado por alusões à desigualdade e à necessidade de “incluir o trabalhador no orçamento”.

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, também falou durante o evento, e descreveu o novo modelo como uma “solução coletiva” para um dilema estrutural do país: o baixo acesso da classe média ao crédito de longo prazo.

“Estamos conseguindo multiplicar o potencial da poupança, mantendo estabilidade e competitividade nas taxas”, afirmou Galípolo, sugerindo que o arranjo também ajuda a suavizar a política monetária sem pressionar a inflação.

Programa anunciado por Lula atende classe média

Hoje, famílias com renda até R$ 12 mil são atendidas pelo Minha Casa, Minha Vida, com juros menores, e, desde o início do seu terceiro mandato, Lula defende alternativas de financiamento para a classe média.

Atualmente, 65% dos recursos da poupança captados pelos bancos precisam ser direcionados ao crédito imobiliário; 15% estão livres para operações mais rentáveis e 20% ficam com o Banco Central na forma de depósito compulsório.

O que o governo pretende fazer com o novo programa é flexibilizar essas travas atuais para o crédito imobiliário.

Por um lado, o governo autoriza os bancos a usar parte desse compulsório (5%) para conceder novos créditos, ampliando sua capacidade de emprestar.

Por outro lado, cria uma nova regra de incentivo: a cada real emprestado em crédito habitacional, o banco ganha o direito de liberar um real equivalente de recursos da poupança para aplicar onde quiser (em crédito livre, investimentos, capital de giro etc.).

Em resumo, o governo está oferecendo um “prêmio” para os bancos que ampliarem o crédito imobiliário.

Com a iniciativa, o Palácio do Planalto busca aumentar a liquidez do sistema, iniciativa que pode gerar até R$ 20 bilhões imediatos de novos financiamentos, ou até R$ 37,5 bilhões se os bancos aderirem em maior escala.

Quando estiver plenamente implementado o novo modelo, se uma instituição captar no mercado, por exemplo, R$ 1 milhão e direcionar integralmente esse montante para financiamento imobiliário, ela poderá usar a mesma quantia captada na poupança, que tem custo mais baixo, para aplicações livres por um período predeterminado.

Para isso, 80% dos financiamentos habitacionais deverão ser feitos pelas regras do SFH, que têm juros limitados a 12% ao ano.

“O novo modelo aumenta a competição, pois incorpora os depósitos interfinanceiros imobiliários ao direcionamento, o que permite que instituições que não captam poupança também concedam crédito habitacional em condições equivalentes às demais”, argumenta o governo.

Plena vigência do programa apenas em 2027

Segundo informou o Palácio do Planalto, a transição será gradual, iniciando ainda este ano. O novo modelo deverá ter plena vigência a partir de janeiro de 2027.

Até lá, fica valendo o direcionamento obrigatório de 65% dos recursos captados na poupança para operações de crédito habitacional.

Dos 35% restantes, pelas regras atuais, 20% são recolhidos ao Banco Central a título de depósito compulsório e 15% vão para operações livres.

Durante a transição, o volume dos compulsórios será reduzido para 15% e os 5% serão aplicados no novo regime.

“Um trabalhador metalúrgico, um bancário, um químico, um gráfico, um trabalhador da Caixa Econômica, um professor […] Essas pessoas não têm direito a comprar casa, porque elas nem são pobres, não estão na faixa 1, nem na faixa 2 [do Minha Casa, Minha Vida]”, disse Lula.

“Esse programa foi feito pensando nessa gente, pensando em dar àqueles que ainda não têm direito, o direito de ter a sua casinha um pouco melhor”, completou o presidente.