O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro determinou o afastamento imediato de Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). O movimento ocorreu nesta quinta-feira (15) após denúncias de fraudes, favorecimentos e gastos suspeitos serem reveladas.
A Justiça agiu com rapidez diante das revelações.
A decisão ocorreu após o portal LeoDias divulgar um laudo pericial que confirmou a falsificação da assinatura de Coronel Nunes, ex-presidente da entidade.
Justiça possível falsificação em documento motiva afastamento
O documento, supostamente assinado por Nunes, havia sido usado por Ednaldo para homologar um acordo no Supremo Tribunal Federal.
No entanto, o próprio Coronel declarou à Justiça que não conseguia cuidar da própria vida desde 2023.
Um exame médico, realizado por um especialista, apontou ataxia com déficit cognitivo progressivo.
Portanto, o Judiciário entendeu que Nunes não poderia ter assinado o acordo de forma consciente.
Dessa forma, a fraude invalidou o processo que permitiu a permanência de Ednaldo no cargo.
Agora, o vice-presidente Fernando Sarney assume o comando da CBF. Ele será o responsável por organizar novas eleições, conforme previsto no estatuto da entidade.
Além da falsificação, repasses mensais a empresas ligadas a Nunes serão investigados
Documentos obtidos pelo portal mostram que a CBF repassou mais de R$ 3,5 milhões, entre 2022 e 2024, para empresas vinculadas a Coronel Nunes.
Os pagamentos mensais giravam em torno de R$ 100 mil. Esse fluxo financeiro chamou a atenção de investigadores e pode indicar favorecimento indevido.
Além disso, uma reportagem da revista Piauí revelou que Ednaldo promoveu articulações políticas para garantir sua reeleição.
A CBF, por exemplo, financiou a ida de 49 pessoas ao Catar durante a Copa do Mundo.
O grupo incluía parlamentares, artistas, empresários e membros do Judiciário. Os custos chegaram a R$ 3 milhões, cobertos com verba da entidade.
Ednaldo Rodrigues aumentou salários de presidentes de Federações e fez cortes na arbitragem
Durante o mandato, Ednaldo aprovou aumentos expressivos aos presidentes das federações estaduais.
O salário mensal passou de R$ 50 mil para R$ 215 mil. No entanto, árbitros da Série A perderam apoio logístico.
A entidade suspendeu as viagens para avaliações presenciais e passou a fazer tudo por videoconferência.
Apesar da justificativa de restrições orçamentárias, a medida gerou críticas.
Isso porque, ao mesmo tempo, Ednaldo investiu R$ 60 milhões em projetos não implementados, como centros de arbitragem e uma escola para juízes de futebol.
Assédio moral e sexual expõem ambiente tóxico na gestão afastada
Além das irregularidades administrativas, a arquiteta Luísa Xavier acusou Ednaldo de assédio moral.
Ela relatou humilhações, esvaziamento de funções e discriminação salarial.
Embora tenha sido nomeada diretora, ela recebeu menos da metade do salário do antecessor.
Luísa também denunciou casos de assédio sexual. Entre os citados estão o ex-diretor de comunicação Rodrigo Paiva e Arnoldo Nazareth Filho, da Federação Amazonense.
Ambos negaram as acusações. No entanto, testemunhos e documentos sustentam os relatos.
Dessa forma, o caso provocou comoção pública e exigiu resposta firme das autoridades.
A decisão do TJ-RJ marca o início de uma profunda reestruturação na CBF.
Agora, a entidade precisa reconquistar a confiança da sociedade e reorganizar sua liderança.