Luz no fim do túnel

Benchimol vê custo de capital como "vilão", mas projeta virada em 2027

Guilherme Benchimol discute o custo de capital e seus impactos no cenário econômico brasileiro em evento da Fami Capital.

Foto: Arquivo BP Money
Foto: Divulgação/Fami Capital

Fundador e presidente do Conselho da XP Inc., Guilherme Benchimol analisou o cenário macroeconômico brasileiro e apontou custo de capital como vilão. A fala ocorreu nesta sexta-feira (11) durante o Advance: Investindo para o Amanhã, evento promovido pela Fami Capital em São Paulo.

Diante de um público composto por investidores e executivos, o empresário, por sua vez, abordou temas como responsabilidade fiscal, dívida pública, juros e, além disso, apresentou suas projeções para o futuro.

Segundo Benchimol, o maior entrave ao desenvolvimento do mercado de investimentos no Brasil é o elevado custo de capital. 

Esse fator, segundo ele, está diretamente ligado à má gestão das contas públicas.

Enquanto o país não conseguir equilibrar suas receitas e despesas, os investimentos seguirão comprometidos.

“O dinheiro é medroso”, disse o executivo. Na avaliação dele, o cenário de incertezas fiscais afasta o capital produtivo e trava o crescimento sustentável. A dívida elevada e o déficit nominal próximo de 10% ao ano tornam o voo da economia brasileira curto e instável.

Perspectiva de melhora com ajuste fiscal em 2027

Apesar das dificuldades, Benchimol se mantém otimista. Segundo ele, os anos de 2025 e 2026 ainda serão desafiadores; no entanto, é provável que haja poucas mudanças estruturais até as eleições.

No entanto, 2027 pode marcar o início de uma recuperação econômica, desde que ocorra um ajuste fiscal robusto.

“Tenho certeza de que esse cenário tem que se inverter”, afirmou. Com a esperada “arrumação da casa”, o mercado pode reagir de forma positiva, com queda nos juros e retomada da confiança dos investidores.

Setores endividados devem se beneficiar da queda de juros

Com a possível redução do custo de capital no país, setores mais endividados devem sair na frente. 

Empresas alavancadas e com alta exposição ao crédito podem experimentar um novo ciclo de valorização. Além disso, o consumo tende a reagir em um cenário de juros menores.

“O juro precisa cair. Precisamos de um 2027 que faça a lição de casa de verdade”, destacou Benchimol, lembrando que o mercado financeiro costuma se antecipar à economia real.

Sustentabilidade fiscal é chave para destravar investimentos com redução no custo de capital

Para garantir o crescimento de longo prazo, Benchimol defende que, antes de mais nada, o Brasil precisa fazer o básico: administrar bem suas finanças públicas.

Sem isso, não há como viabilizar um ambiente seguro para investidores.

Caso contrário, o país continuará preso a um ciclo de crescimento limitado, sem consistência. “É o voo de galinha”, comparou o executivo. 

Na visão dele, só com reformas estruturais e redução do custo de capital o Brasil conseguirá atingir o potencial que tem.