O especialista em investimentos e sócio do Grupo Primo Bruno Perini acredita que não deve haver mudanças na economia brasileira em 2025, como afirmou no programa Stock Pickers de quinta-feira (5). Ele lembrou que, mesmo com aumento de arrecadações desde o início do ano, o país continua gastando mais do que recebe.
Ele enxerga, ainda, que a situação pode piorar no ano que vem. Segundo ele, por conta dos gastos “o dólar sobe, com o estrangeiro tirando dinheiro daqui (da Bolsa), assim como o (investidor) local; e quando o dólar sobe ele contamina a inflação porque fica tudo mais caro”, afirma.
“Para conter a inflação, o BC e o Copom vão ter de subir a taxa de juros, só que isso pega nossa dívida pública, que bateu pela primeira vez R$ 9 trilhões e está quase 80% do PIB”, destaca.
“Com esse crescimento muito grande da dívida e como ela tem um perfil muito ruim, pois possui um prazo médio curto e cerca de 45% dela atrelada à Selic, o aumento da taxa (de juros) faz crescer o déficit”, explica.
Riscos de dominância fiscal na economia
Para o especialista, esse cenário pode levar à dominância fiscal. “A parte fiscal fica tão ruim, tem tão pouco confiança na ação do governo, que a política monetária pode parar de funcionar porque quer aumentar os juros para conter a inflação, mas aumenta com isso também o déficit”, comenta.
A única saída que o sócio do grupo Primo identifica para essa situação são os ajustes fiscais. “A gente não tem um governo comprometido com a parte fiscal. Enquanto não resolver a parte fiscal, a gente vai ter um cenário de dólar mais alto, inflação mais alta, juros mais alto e as empresas na bolsa vão estar sofrendo”, opina.
Perini mencionou, também, os ataques do poder executivo ao BC (Banco Central) em reação às altas dos juros. “Isso me deixa curioso para saber como vai ser no ano que vem, com Galípolo. Vão ataca-lo ou vão dar uma maneirada porque ele foi indicado pelo Lula?”, comenta.