Fontes renováveis

Energia eólica no Brasil é mais barata que média global

Relatório confirma vantagem de preço das fontes renováveis em relação aos combustíveis fósseis

Túlio Thomé / Brazil Windpower 2023
Túlio Thomé / Brazil Windpower 2023

Um relatório da Irena (Agência Internacional para as Energias Renováveis), divulgado nesta terça-feira (22), confirma que as fontes renováveis seguem gerando energia a um custo mais baixo do que as de combustíveis fósseis – e o Brasil está entre os países com os menores custos.

Em todo o mundo, os projetos de energia eólica onshore (localizados em terra firme) foram 53% mais baratos, enquanto a energia solar fotovoltaica (PV) foi, em média, 41% mais barata do que a alternativa fóssil de menor custo.

A geração de energia eólica onshore teve, em 2024, um custo médio global em US$ 0,034/kWh; a solar fotovoltaica ficou em US$ 0,043/kWh; e a hidrelétrica, em US$ 0,057/kWh.

O relatório destaca que as fontes renováveis são vantajosas por limitar a dependência de mercados internacionais de combustíveis, melhorando a segurança energética dos países.

“A competitividade de custo das renováveis é uma realidade atual. Considerando todas as fontes renováveis atualmente em operação, os custos evitados com combustíveis fósseis em 2024 chegaram a até US$ 467 bilhões. A nova geração renovável supera os combustíveis fósseis em custo, oferecendo um caminho claro para energia acessível, segura e sustentável”, afirma o diretor-geral da Irena, Francesco La Camera.

Brasil tem custo abaixo da média

No Brasil, o custo de geração de energia eólica onshore ficou abaixo da média global e em patamar semelhante ao da China, em US$ 0,030/kWh. Segundo o relatório, isso se deve à disponibilidade de recursos eólicos, manufatura doméstica e execução de projetos otimizada.

Já em relação aos custos da energia solar fotovoltaica, a média do Brasil ficou em US$ 0,048/kWh em 2024, um custo relativamente maior do que registrado em 2023 (US$ 0,042/kWh) e 2022 (US$ 0,045/kWh).

Embora as hidrelétricas forneçam 50% da geração de energia do Brasil, a expansão dessas duas fontes de energia renovável indica que o país passa por um processo de diversificação robusto, segundo o relatório.

O documento destaca que o avanço é sustentado por leilões públicos com PPAs indexados, que reduzem riscos financeiros e impulsionam o acesso a capital.

Desafios

O avanço da tecnologia e o fortalecimento das cadeias de suprimento devem contribuir para a redução de custos da geração de energia nos próximos anos, mas ainda há desafios de curto prazo.

Entre eles, estão as mudanças geopolíticas, como tarifas comerciais, gargalos de matérias-primas e dinâmicas industriais em evolução, especialmente na China.

Na Europa e América do Norte, desafios estruturais como atrasos em licenciamento, capacidade limitada da rede e maiores despesas de equilíbrio do sistema devem pressionar os custos.

Já Ásia, África e América do Sul podem experimentar quedas acentuadas nos custos, devido ao grande potencial renovável nessas regiões.

No caso do Brasil, a flexibilidade da rede e dos sistemas de armazenamento ainda estão em desenvolvimento e serão cruciais para sustentar a expansão das renováveis variáveis. O documento aponta que o sucesso da estratégia dependerá da capacidade do país em manter estruturas regulatórias claras, com mecanismos de contratação confiáveis e ambientes de investimento previsíveis – essenciais para atrair capital global.

“Mitigar o risco de financiamento é central para escalar as renováveis tanto em mercados maduros quanto emergentes. Instrumentos como contratos de compra de energia (PPAs) desempenham papel fundamental no acesso a financiamento acessível, enquanto ambientes políticos inconsistentes e processos de contratação opacos minam a confiança dos investidores”, diz o relatório.

“Energia limpa é economia inteligente – e o mundo está seguindo o dinheiro. As renováveis estão em ascensão, a era dos combustíveis fósseis está desmoronando, mas os líderes devem remover barreiras, construir a confiança e liberar financiamento e investimentos. As renováveis estão iluminando o caminho para um mundo com energia acessível, abundante e segura para todos”, diz o Secretário-Geral da ONU, António Guterres.