Foto: Reprodução Ricardo Botelho/MME
Foto: Reprodução Ricardo Botelho/MME

O governo federal começa nesta segunda-feira (24), a implantação do Gás do Povo, programa que vai garantir botijões de gás gratuitos para 15,5 milhões de famílias. A política social, que substituirá o Auxílio Gás, terá custo estimado de R$ 3,57 bilhões em 2025 e pode chegar a R$ 5,1 bilhões em 2026, segundo projeções do Ministério de Minas e Energia.

Custo crescente e mudança no modelo de repasse

A iniciativa deve alcançar 50 milhões de pessoas, com a distribuição anual estimada de 65 milhões de botijões. A principal mudança será no formato de pagamento: em vez de repasse em dinheiro, as famílias receberão recargas diretas nas revendas credenciadas. Os comerciantes serão reembolsados pelo governo conforme os preços de referência, que variam de R$ 89,67 a R$ 125,05 por estado, conforme tabela publicada em edição extra do Diário Oficial da União.

O benefício será concedido às famílias inscritas no Cadastro Único com renda per capita de até meio salário mínimo, priorizando aquelas que recebem o Bolsa Família. A seleção será automática, e a consulta poderá ser feita no aplicativo Meu Social ou pelos canais da Caixa. Quem ainda recebe o Auxílio Gás continuará sendo contemplado até a migração total para o novo sistema.

Expansão gradual e impacto fiscal

Desde setembro, o Gás do Povo já iniciou sua primeira etapa, beneficiando 1 milhão de famílias em dez capitais, como São Paulo, Recife, Fortaleza e Belo Horizonte. O governo pretende ampliar o alcance até março de 2026, quando espera atingir todos os 15,5 milhões de lares previstos.

No lançamento do programa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou o caráter social da iniciativa. “Todo mundo tem que ter direito a comer e, para isso, precisa ter direito ao alimento e depois ao gás para cozinhar”, afirmou durante cerimônia em Belo Horizonte.

Mesmo reconhecido como prioridade social do governo, o Gás do Povo deve elevar a pressão sobre o orçamento federal. Com R$ 5,1 bilhões previstos para 2026, o programa se tornará um dos mais custosos da atual gestão, em um cenário de arrecadação volátil, despesas obrigatórias crescentes e necessidade de cumprir o novo arcabouço fiscal.

Ainda assim, o Ministério da Fazenda argumenta que a substituição de combustíveis sólidos por gás de cozinha reduz riscos sanitários e ambientais. O ministro Wellington Dias reforçou que o acesso à cocção segura “é um direito humano” e relatou casos de famílias que cozinham com lenha ou carvão dentro de casa, em condições insalubres.

Com a ampliação, o Gás do Povo triplica o alcance do Auxílio Gás e se consolida como uma das maiores políticas de transferência indireta do governo federal.