Dinheiro apreendido em escritório na Alameda Santos, durante megaoperação contra o Grupo Refit — Foto: Reprodução
Dinheiro apreendido em escritório na Alameda Santos, durante megaoperação contra o Grupo Refit — Foto: Reprodução

Uma megaoperação deflagrada na manhã da última quinta-feira (27) mobilizou 621 agentes públicos para investigar o Grupo Refit, apontado como o maior devedor de ICMS do estado de São Paulo. A ação teve 190 alvos, incluindo pessoas físicas e empresas ligadas ao grupo, em cinco estados e no Distrito Federal.

O grupo é classificado pela Receita Federal como o maior devedor de impostos do país, com débitos fiscais superiores a R$26 bilhões. Comandado pelo empresário Ricardo Magro, o conglomerado é dono da antiga Refinaria de Manguinhos, no Rio de Janeiro, e controla dezenas de empresas do setor de combustíveis.

Estrutura sofisticada de fraudes

As investigações revelaram um esquema complexo de sonegação que abrangia toda a cadeia de combustíveis. As fraudes começaram na importação de combustíveis com falsa declaração de conteúdo até a evasão reiterada de tributos em distribuidoras e postos vinculados à organização.

Entre 2020 e 2025, os investigados importaram mais de R$32 bilhões em combustíveis. O grupo utilizava uma rede de colaboradores dividida em núcleos especializados: internacional, tecnológico, jurídico, financeiro e patrimonial, além de importadoras, distribuidoras e postos.

Para ocultar o patrimônio e dificultar o rastreamento das pistas, a organização criou uma estrutura financeira elaborada. A Receita identificou inicialmente 17 fundos de investimento ligados ao grupo, com patrimônio líquido de R$8 bilhões, mas depois constatou que eram cerca de 50 fundos.

Além disso, foram identificadas mais de 15 offshores nos Estados Unidos, especialmente em Delaware, jurisdição conhecida por permitir anonimato empresarial. Uma das principais operações internacionais envolveu a aquisição de uma exportadora em Houston, no Texas.

A Justiça determinou o bloqueio de R$10,2 bilhões em bens dos envolvidos, incluindo imóveis e veículos. Em operações policiais realizadas durante a manhã, foram apreendidos mais de R$2 milhões em espécie em dois endereços da capital paulista, além de oito sacos plásticos com esmeraldas em uma empresa de Campinas.

A Operação Poço de Lobato foi coordenada pelo Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos de São Paulo (Cira-SP), com participação da Receita Federal, Ministério Público de São Paulo, secretarias da Fazenda estadual e municipal, Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e polícias Civil e Militar.

O Grupo Refit afirmou, em nota, que questiona judicialmente os débitos tributários apontados e considera tratar-se de uma disputa jurídica legítima, negando qualquer tentativa de fraude.