Havaianas recupera valor após polêmica de boicote

As ações da Alpargatas (ALPA4), controladora da Havaianas, se recuperaram integralmente após a polêmica envolvendo um boicote à marca. Depois de perder cerca de R$ 152 milhões em valor de mercado na segunda-feira (22), a empresa reverteu todas as perdas já no pregão seguinte. Além disso, os papéis voltaram aos níveis registrados antes do episódio.

Ações sobem e apagam perdas

Durante a tarde de terça-feira (23), por volta das 13h10, as ações preferenciais (ALPA4) avançavam 3,41%. Ao mesmo tempo, as ordinárias (ALPA3) subiam 5,16%. Dessa forma, os papéis anularam completamente as quedas do dia anterior.

Na segunda-feira, ALPA4 havia recuado 2,39%, enquanto ALPA3 caiu 1,66%. Como resultado, a companhia perdeu aproximadamente R$ 152 milhões em valor de mercado. No entanto, esse impacto foi totalmente revertido em apenas um pregão.

Mais importante ainda, a Alpargatas voltou a operar nos mesmos níveis da sexta-feira (19), antes do início da controvérsia. Portanto, o mercado indicou que o efeito financeiro do boicote foi limitado e passageiro.

As ações preferenciais retornaram ao patamar de R$ 11,83, próximas aos R$ 11,72 do fechamento anterior à polêmica. Além disso, as ordinárias alcançaram R$ 10,60, acima dos R$ 10,25 registrados antes da crise.

Entenda a origem da polêmica

A controvérsia teve início com a campanha de fim de ano da Havaianas. A marca escolheu a atriz Fernanda Torres como protagonista do comercial para a virada de 2026.

Na peça publicitária, a atriz faz um jogo de palavras ao afirmar que não deseja que o público comece o ano “com o pé direito”. Em seguida, propõe começar “com os dois pés”.

“Desculpa, mas eu não quero que você comece 2026 com o pé direito. Não é nada contra a sorte, mas vamos combinar: sorte não depende de você, depende de sorte”, diz a atriz no vídeo. Logo depois, ela completa: “O que eu desejo é que você comece o ano novo com os dois pés”.

Reação política e boicote

O boicote foi impulsionado por  Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que publicou um vídeo nas redes sociais no domingo (21). Na gravação, ele aparece descartando um par de sandálias da marca.

“Vou começar o ano com o pé direito, mas não de Havaianas”, afirmou. Segundo ele, a campanha teria uma conotação ideológica.

Além do texto do comercial, críticos também questionaram a escolha de Fernanda Torres. Para parlamentares conservadores, a trajetória recente da atriz reforçaria uma leitura política da campanha. Nesse contexto, Eduardo Bolsonaro afirmou ter se decepcionado com a marca, que considera um símbolo nacional.

Mercado reage com confiança

Apesar do barulho nas redes sociais, o mercado financeiro reagiu de forma positiva. Investidores parecem ter avaliado que o boicote não deve afetar de maneira relevante as vendas da empresa.

Assim, a recuperação rápida das ações sinaliza confiança na força da marca. Além disso, reforça a percepção de que controvérsias políticas tendem a ter impacto limitado sobre companhias consolidadas.

Até o momento, a Havaianas e a Alpargatas não divulgaram comunicado oficial sobre o episódio. A empresa, portanto, optou por não se posicionar publicamente.