Sinal amarelo

Importações de aço ameaçam 37 mil empregos nas Siderúrgicas brasileiras

Setor siderúrgico enfrenta queda na produção e risco de cortes de vagas devido ao aumento das importações e pressão de tarifas

Indústria siderúrgica
Indústria siderúrgica / Foto: Pixabay

O setor siderúrgico brasileiro enfrenta forte pressão. Enquanto os Estados Unidos impõem sobretaxa de 50% sobre exportações de aço, o mercado interno recebe mais importações. Essa combinação ameaça eliminar até 37,6 mil empregos, alerta o Instituto Aço Brasil.

O Instituto Aço Brasil representa empresas que empregam 117 mil pessoas. Além disso, a entidade destaca que o aumento das importações reduz o espaço da produção nacional no mercado interno. André Gerdau Johannpeter, presidente do Conselho Diretor da entidade, afirmou que entre janeiro e julho o volume de importações subiu 40%, passando de 457 mil toneladas para 3,6 milhões, ou 30% do consumo interno.

Johannpeter reforça que a importação deve respeitar limites históricos, entre 10% e 12% do consumo interno. Além disso, ele lembra que ainda existem 6,1 milhões de toneladas em produtos que contêm aço, como máquinas e veículos, que poderiam ser produzidos no Brasil.

Capacidade ociosa pressiona empregos

Atualmente, a indústria siderúrgica opera com apenas 66% de sua capacidade, abaixo dos 80% esperados. Se as importações continuarem crescendo, a capacidade pode cair para 40%, forçando cortes de cerca de 37 mil empregos.

Por outro lado, se as empresas atingirem 80% de capacidade, o setor poderia criar até 17 mil novas vagas. Johannpeter enfatiza que o aumento das importações ameaça empregos e investimentos, que podem ser adiados ou cancelados dependendo da estratégia de cada empresa.

Tensões comerciais elevam riscos

Além disso, as relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos permanecem tensas. Donald Trump impôs tarifas de 50% sobre alguns produtos brasileiros, especialmente aço acabado. Inicialmente, em março, as taxas começaram em 25%, e em junho subiram para 50%. Johannpeter reforça que essa situação pressiona a competitividade da indústria nacional e torna o cenário insustentável.

Exportadores de ferro-gusa buscam proteção

Enquanto isso, produtores de ferro-gusa — insumo essencial para o aço — mantêm negociações com compradores americanos. Por enquanto, o ferro-gusa brasileiro enfrenta apenas tarifa de 10%, garantindo ao Brasil a posição de maior fornecedor para os EUA.

Silvia Nascimento, diretora-executiva da siderúrgica Aço Verde e sócia do Grupo Ferroeste, afirma que caso a tarifa aumente, será preciso renegociar contratos. Cerca de um terço das exportações brasileiras de ferro-gusa no primeiro semestre teve como destino o mercado americano.

Além disso, Silvia planeja viajar em outubro para discutir cláusulas contratuais que protejam o setor contra alterações tarifárias. Dessa forma, garante segurança para as 140 mil toneladas anuais exportadas pela Ferroeste.