Oscilação

IPCA-15 em agosto: projeção indica deflação e queda na inflação acumulada

Especialistas apontam que energia elétrica, alimentos e transportes devem puxar a deflação e reforçar expectativas de corte de juros

IPCA-15 tem alta de 0
IPCA-15 será publicado nesta terça (26) Foto: Freepik

O IPCA-15 de agosto, prévia da inflação oficial, será divulgado nesta terça-feira (26) e deve registrar deflação. A Warren Investimentos projeta queda de -0,22%, o que reduzirá a inflação acumulada em 12 meses para 4,87%. Assim, o índice mostrará desaceleração de 55 pontos-base em relação a julho, quando havia avançado 0,33%.

O grupo de alimentação e bebidas deve liderar a redução. A Warren estima deflação de -0,80%, acima da registrada em julho (-0,40%). Os alimentos in natura, por sua vez, devem intensificar o movimento baixista, com projeção de -3,12%. Tubérculos (-7,8%), arroz (-3,0%) e feijão (-1,75%) devem puxar a queda, enquanto as carnes devem recuar -0,44%. Portanto, a alimentação tende a aliviar de forma significativa o orçamento das famílias.

Além disso, a habitação deve registrar recuo expressivo de -2,60%. A energia elétrica desponta como o principal vetor, com queda projetada de -6,75% em razão do Bônus de Itaipu.

Esse benefício deve reduzir em até -11,40% o impacto nas tarifas, embora a bandeira vermelha patamar 2 limite parte desse alívio. Ainda assim, aluguel e condomínio, mesmo com variações mais contidas, devem reforçar a trajetória de baixa do grupo.

IPCA-15 agosto: transportes e impacto do IPI Verde

O grupo de transportes deve apresentar deflação de -0,41%. A passagem aérea deve recuar -7,0%, revertendo parte da forte alta de 19,86% em julho. A gasolina, em linha com a tendência dos últimos meses, deve cair -0,65%. Além disso, os automóveis novos devem sentir os efeitos iniciais da política do IPI Verde, com estimativa de -0,56%.

No entanto, nem todos os setores devem contribuir para a queda. Higiene pessoal pode subir 1,44% e eletroeletrônicos avançar 0,15%, revertendo a deflação anterior. Por outro lado, o vestuário deve intensificar a deflação, estimada em -0,65%, em razão da sazonalidade de liquidações na troca de coleção.

Especialistas projetam impacto do IPCA-15 nos juros

O economista Fábio Louzada, fundador da Eu me banco, afirmou: “Se confirmado, este será o primeiro mês com deflação desde 2023. A energia elétrica e a gasolina devem liderar esse movimento”. Ele acrescentou que o Boletim Focus reduziu a projeção de inflação pela 13ª semana consecutiva. Portanto, o cenário abre espaço para queda nos juros entre o fim de 2025 e o início de 2026.

O planejador financeiro Igor Leite compartilha da mesma visão. Ele projeta deflação entre 0,15% e 0,22%, destacando que o Bônus de Itaipu deve reduzir, em média, R$ 11,59 nas contas de luz. “Leguminosas, arroz e feijão seguem em trajetória negativa desde julho, reforçando o viés baixista”, destacou.

Assim, a Warren avalia que os núcleos devem avançar apenas 0,20%, mantendo comportamento benigno da inflação. Dessa forma, a instituição enxerga riscos predominantemente baixistas, sobretudo diante da queda mais acentuada em alimentos in natura e vestuário.