
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou que quem mais reclama do Estado é quem menos paga impostos. Em entrevista ao UOL News, Haddad explicou que a reforma do Imposto de Renda visa compensar a isenção para quem ganha até R$ 5 mil com tributação maior sobre rendimentos mais altos.
Segundo Haddad, a cobrança progressiva do IR corrige desigualdades e fortalece o Estado. Ele destacou que trabalhadores já pagam impostos sobre consumo e renda. Enquanto isso, parte da população mais rica contribui pouco. “Para o andar de cima, que reclama do Estado, o Estado está muito leve”, disse Haddad.
O ministro reforçou que espera que o Congresso honre os compromissos com a reforma tributária, mesmo com pressão de parlamentares do Centrão e da oposição. Além disso, ele destacou que a reforma será fiscalmente neutra, cobrando mais de quem ganha mais e garantindo isenção para quem ganha menos.
Reforma do IR e compensações
Haddad explicou que a reforma prevê cobrança de 10% de IR sobre brasileiros que ganham mais de R$ 1 milhão por ano, atingindo cerca de 140 mil contribuintes. Ele classificou essa medida como “mínimo necessário” para tornar a tributação mais justa.
Além disso, o governo busca isentar do IR quem recebe até R$ 5 mil por mês. A compensação virá da tributação de uma fatia mínima da população de alta renda. “Se quisermos aliviar imposto sobre consumo e renda do trabalhador, quem não colaborava terá que começar a colaborar”, afirmou Haddad, reforçando o compromisso do governo com justiça fiscal.
Impactos do Tarifaço norte-americano
Haddad comentou sobre o impacto do “tarifaço” anunciado pelo ex-presidente Donald Trump, que aplica tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, incluindo carne e café. Embora alguns setores exportadores sofram, o ministro acredita que o Brasil tem capacidade de enfrentar a medida.
Ele lembrou que, no primeiro mandato do presidente Lula, as exportações brasileiras para os EUA representavam cerca de 25% do total, enquanto hoje correspondem a 12%. Haddad enfatizou que o governo continua abrindo mercados e fortalecendo o comércio exterior, portanto, prepara o país para enfrentar desafios internacionais sem comprometer a economia interna.