Calmaria

JBS e Marfrig: Santander mantém cautela e vê ciclo da carne longe do fundo

Margens de frigoríficos seguem pressionadas nos EUA; preços altos do gado e oferta restrita reforçam cautela do Santander sobre JBS e Marfrig

Fonte: divulgação/Marfrig
Fonte: Divulgação/Marfrig

O Santander reiterou a recomendação neutra para JBS (BDR: JBSS32) e Marfrig (MRFG3), definindo preço-alvo de US$ 17 e R$ 20, respectivamente. Além disso, o banco alerta que o ciclo atual da carne bovina nos EUA pode se estender, pois o fundo do ciclo ainda não chegou.

Essa situação pressiona diretamente as margens dos frigoríficos. Consequentemente, o Santander projeta margem Ebitda de -1,8% para a Beef North America da JBS em 2026 e 1,5% para a National Beef da Marfrig, reforçando a necessidade de cautela para investidores.

Apesar da forte demanda, os indicadores de retenção de fêmeas ainda mostram atraso. Portanto, os preços do gado podem subir ainda mais, enquanto tarifas sobre importações restringem a oferta de carne. Ao mesmo tempo, a demanda se mantém robusta, beneficiando varejistas e pecuaristas, mas comprimindo as margens dos frigoríficos.

Indicadores de retenção apontam crescimento gradual nos próximos anos

O relatório do Santander revela que poucas fêmeas estão sendo retidas para reposição. Embora o abate de novilhas permaneça elevado em 2025, nota-se leve declínio nos animais entrando em confinamentos. Isso indica que os pecuaristas começam a reter animais para reprodução, mesmo com preços recordes. Consequentemente, a retenção pode crescer gradualmente nos próximos três a quatro anos.

Além disso, a oferta de carne bovina nos EUA provavelmente não atenderá totalmente a demanda interna em 2025, mesmo considerando a redução nas exportações. Segundo dados do USDA, estima-se um déficit de cerca de 990 mil toneladas, caso o rebanho não cresça. Para suprir totalmente a demanda doméstica, seriam necessárias 7,9 milhões de cabeças adicionais. Ademais, tarifas mais altas sobre importações podem intensificar ainda mais essa restrição.

Demanda permanece firme, mas margens seguem pressionadas

O Santander destaca que, apesar da menor acessibilidade da carne frente a outras proteínas, a demanda continua sólida. O consumo implícito subiu 3% em julho na comparação anual, mesmo com alta de 14% nos preços no varejo. Além disso, a elasticidade de preço da carne bovina mostrou-se menor que o esperado, e os consumidores seguem favorecendo esse tipo de proteína.

Esse comportamento pressiona as margens dos frigoríficos, já que os varejistas conseguem repassar parte do aumento de custos aos consumidores. Junto ao ciclo prolongado e à oferta restrita, o cenário reforça a cautela sobre as ações da JBS e Marfrig no curto e médio prazo.