Em entrevista a jornal

Meirelles: recordes do dólar não respondem a 'ataque especulativo'

O ex-ministro da Fazenda defende que as altas são reflexo da dificuldade de aprovação do pacote fiscal

Henrique Meirelles, ex-presidente do BC
Henrique Meirelles, ex-presidente do BC / Foto: reprodução/José Cruz

O consultor Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda, afirmou, ao jornal “O Globo”, que o real não passa por “ataque especulativo” (quando investidores acreditam que uma moeda perdeu força e abandonam suas posições em efeito manada). Ontem, o dólar chegou a uma máxima novamente, com fechamento de R$ 6,26.

Em vez disso, ele defende que os recordes sucessivos no valor do dólar são resultado da dificuldade de aprovação do pacote fiscal, que causa preocupação entre investidores internacionais e domésticos. Segundo Meirelles, o corte de gastos tem risco de ser aprovado parcialmente ou de não ser aprovado.

As preocupações fiscais levam a altas do dólar, mesmo com o crescimento da economia brasileira. Meirelles também avalia que o BC (Banco Central) tem agido corretamente em suas intervenções no câmbio e que, felizmente, a instituição tem reserva suficiente para manter o mercado de câmbio funcionando.

O ex-ministro da economia avalia, ainda, que há necessidade da aprovação do pacote fiscal, independentemente de julgamentos do mercado.

Meirelles também considera que a alta da taxa de juros reflete as preocupações fiscais.

BC prevê inflação acima do teto em 2024

BC (Banco Central) avaliou em projeção que a inflação tem chance de furar o teto em 0,44 p.p (Ponto Percentual). A projeção anterior era de um aumento de 36%, segundo portal infomoney.

A subida do IPCA também elevou o pessimismo do órgão, acumulando no total de doze meses uma alta de 4,87%. Para o índice fechar o ano em alta é necessário um aumento de singelos 0,20%, levando a uma alta acumulada de 4,5%, segundo o IBGE.

A previsão de ultrapassar a meta de inflação saltou de 26% em projeções para 50%. O banco central também elevou o risco em 2026 para 26%, antes estava 19%. A meta contínua de inflação é de 3% neste e nos próximos anos, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.