Tendências e desafios

O futuro da carne no Brasil: o frango reina, o boi encolhe

Descubra por que o frango deve liderar o mercado de carnes e como isso impacta o seu bolso e a economia em 2025

O futuro da carne no Brasil: o frango reina, o boi encolhe
Foto: Freepik

O mercado brasileiro de carnes está vivendo uma virada histórica. A carne de frango, mais acessível e com forte apelo ao consumidor, está consolidando seu domínio nas mesas do país. Enquanto isso, a carne bovina enfrenta queda no consumo e aumento de preços, desenhando um 2025 desafiador para o setor.

As mudanças no comportamento do consumidor e nos custos de produção já estão moldando a nova dinâmica do setor. Os resultados de gigantes como BRF e Marfrig refletem esse novo cenário — e oferecem pistas valiosas para investidores, varejistas e consumidores atentos ao que vem pela frente.

A produção nacional de carne bovina deve cair 4,9% em 2025, segundo a Conab, puxando o consumo per capita para 31,9 kg – uma retração de 8,9%. A Marfrig, uma das líderes do setor, já projeta um ano de menor oferta de gado e preços mais elevados.

“Seguimos focados em agregar valor aos nossos produtos, mesmo com os desafios na oferta”, afirmou Rui Mendonça, CEO da Marfrig na América do Sul.

Esse encarecimento da proteína bovina tende a acentuar o fenômeno do tradedown, em que o consumidor migra para alternativas mais baratas – e é aí que o frango entra com força total.

Carne de frango será a protagonista em 2025

De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o consumo de frango deve bater recorde em 2025, com 46,6 kg per capita – um crescimento de 2% em relação a 2024.

Com preços mais amigáveis e ampla aceitação entre os brasileiros, o frango se posiciona como a principal proteína animal do país. A BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, tem sido uma das grandes beneficiadas.

A empresa encerrou 2024 com receita líquida de R$ 28,8 bilhões no Brasil e um lucro líquido de R$ 3,7 bilhões — o primeiro desde 2021. O frango respondeu por 74% do Ebitda da companhia, demonstrando sua importância estratégica.

“O negócio vive um momento excelente e estamos preparados para aproveitar as oportunidades de 2025”, disse Miguel Gularte, CEO da BRF.

Suínos e processados: crescimento estável e lucrativo

A carne suína também avança. A previsão é de um crescimento de 2,7% no consumo per capita em 2025, chegando a 20,3 kg. Embora ainda atrás do frango e do boi, os suínos ganham espaço pela estabilidade de preços e pela maior versatilidade na indústria.

Outro destaque é o setor de alimentos processados, com produtos como nuggets, hambúrgueres e pratos prontos. A BRF aumentou seu market share nesse segmento, alcançando impressionantes 40,8% em 2024.

De acordo com o CFO Fábio Mariano, “a estabilidade dos custos de produção e a valorização dos industrializados são essenciais para garantir um crescimento sustentável”.

Exportações seguem firmes: China e Oriente Médio puxam demanda

Mesmo com a desaceleração do consumo interno de carne bovina, as exportações seguem aquecidas e são fundamentais para manter a rentabilidade das empresas.

O Brasil deve continuar como líder global nas exportações de carne de frango, com 5,3 milhões de toneladas previstas para 2025, e de carne bovina, com 3,9 milhões de toneladas. Dessa forma, a carne suína também avança, com expectativa de atingir 1,4 milhão de toneladas, superando o recorde anterior.

Em suma, mercados como China, Oriente Médio, Filipinas e México continuam com forte demanda, oferecendo um alívio estratégico para o setor diante dos ajustes internos.