Pela primeira vez no país

Paixão pelos cavalos e mercado bilionário atraem sheik do Catar ao Brasil

Esse circuito internacional, que tem como foco a promoção dos cavalos árabes, conta com Al Thani como diretor-executivo

O GCAT celebra a cultura do cavalo árabe, reunindo criadores, marcas de luxo e premiando animais de várias idades (Stefano Grasso/GCAT Ambiance/Divulgação)
O GCAT celebra a cultura do cavalo árabe, reunindo criadores, marcas de luxo e premiando animais de várias idades (Stefano Grasso/GCAT Ambiance/Divulgação)

Neste fim de semana, o Sheikh Mohammed bin Nasser Al Thani, integrante da família real do Catar, visitará o Brasil pela primeira vez. A razão para essa vinda está ligada ao universo dos cavalos e a um mercado que movimenta cerca de R$ 30 bilhões anualmente.

A cidade escolhida para receber uma das etapas do Global Champions Arabians Tour (GCAT) é Indaiatuba, localizada a 103 km de São Paulo. Esse circuito internacional, que tem como foco a promoção dos cavalos árabes, conta com Al Thani como diretor-executivo.

Com etapas em destinos como Cannes, Miami Beach e Doha, o evento atrai criadores, apaixonados pelo esporte e marcas de luxo, reunindo competições que premiam cavalos machos e fêmeas em diferentes categorias etárias.

O sheikh comentou que “o Brasil representa um ponto de encontro entre cultura, natureza e excelência esportiva, um cenário perfeito para acolher o prestígio e a beleza do nosso campeonato”, disse em entrevista à EXAME.

Os dados brasileiros corroboram a decisão dos organizadores de trazer o evento ao país. O Brasil é o quarto maior rebanho mundial de equinos, com 5,5 milhões de animais, atrás apenas da China, México e EUA.

Além disso, o setor equino nacional gera R$ 30 bilhões por ano e emprega mais de três milhões de pessoas, conforme estudo realizado por Roberto Arruda Souza Lima, engenheiro agrônomo e professor da Esalq/USP.

Para a etapa brasileira do GCAT, que acontecerá entre os dias 13 e 14 de julho, o investimento chegou a R$ 6,5 milhões.

Sobre os preparativos, o sheikh destaca: “Organizar uma etapa do Global Champions Arabians Tour exige um padrão internacional de excelência em todos os aspectos, desde a infraestrutura da arena até o bem-estar dos cavalos, passando pela experiência do público e a visibilidade global do evento”.

Al Thani: da carreira esportiva à liderança no maior circuito de cavalos árabes

Para Al Thani, o Global Champions Arabians Tour (GCAT) representa atualmente a série mais valiosa já registrada na história do cavalo Árabe — e, em 2025, a premiação total deverá ultrapassar a marca de 24 milhões de euros.

“O Tour representa um investimento no futuro do esporte, com impacto direto na valorização de criatórios, no fortalecimento da indústria e na construção de um ecossistema global que apoia criadores, treinadores, organizadores e apaixonados pela raça”, ressalta Al Thani.

A ligação do sheikh com os cavalos teve início aos 12 anos, quando começou a praticar salto ornamental, modalidade que logo se tornou fundamental em sua trajetória. Aos 18 anos, ele já competia profissionalmente nas categorias mais elevadas do esporte.

Porém, em 2015, problemas de saúde interromperam sua carreira como atleta, forçando-o a se afastar das competições. Em 2023, Al Thani assumiu o cargo de diretor-executivo adjunto do Global Champions Arabians Tour, retomando sua atuação no universo equestre, agora em uma posição administrativa.

Indaiatuba: polo tradicional para o cavalo árabe

Apesar de ser a primeira visita de um membro da família real do Catar, Indaiatuba, com seus cerca de 256 mil habitantes, já tem experiência em sediar grandes eventos equestres.

A cidade paulista é um importante centro na criação e treinamento de cavalos, especialmente da raça árabe, além de abrigar a maior exposição do tipo na América Latina, a Exposição Nacional do Cavalo Árabe.

O Haras Vila dos Pinheiros, localizado em Indaiatuba, é reconhecido internacionalmente pela excelência na criação desses animais. Para Al Thani, “a escolha de Indaiatuba reflete exatamente isso — uma cidade com tradição no setor, infraestrutura de qualidade e uma comunidade apaixonada e preparada para receber um evento desta magnitude”.

Além do cavalo árabe, a cidade é destaque também no treinamento de cavalos de polo, com forte atuação na melhoria genética dos animais.

Em 2024, a exposição movimentou R$ 19 milhões em negócios, dos quais mais de R$ 12 milhões vieram da comercialização de animais, óvulos e embriões, conforme dados da Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Árabe (ABCCA).

Nesta edição do Global Champions Arabians Tour em Indaiatuba, o total em prêmios será de US$ 270 mil, distribuídos em seis categorias, com valores que vão de US$ 10.000 para o primeiro lugar até US$ 2.000 para os competidores do sétimo ao décimo lugar.

Além disso, haverá uma premiação continental, reunindo vencedores do Brasil, EUA e Canadá, cuja final será realizada em Las Vegas, com um bônus de US$ 50 mil para o cavalo com melhor desempenho geral.

Al Thani espera que a etapa brasileira consolide a posição do país no cenário internacional do cavalo árabe e aposta no potencial do evento: “Minhas expectativas são altas. Tenho certeza de que será uma etapa memorável, tanto pelo nível técnico da competição quanto pela energia única que só o Brasil pode oferecer”.