Enquanto analistas recomendam a venda das ações da Casas Bahia (BHIA3), o investidor Rafael Ferri, fundador da GTF Capital, adotou uma abordagem diferente.
Ele adquiriu aproximadamente R$20 milhões em ações da varejista, atingindo uma participação de 5,11% em 11 de março.
Ferri explica escolha pela Casas Bahia?
A decisão de Ferri contrasta com a cautela de grandes corretoras e bancos.
Enquanto Genial Investimentos e BB Investimentos recomendam a venda dos papéis, BTG Pactual e XP Investimentos mantêm uma posição neutra.
O motivo da preocupação? A companhia registrou um prejuízo de R$452 milhões no quarto trimestre de 2024 e acumulou R$1,045 bilhão em perdas ao longo do ano.
No entanto, as ações da Casas Bahia tiveram um crescimento expressivo em março, acumulando alta de 289,06%.
Para Ferri, esse movimento reflete a expectativa de queda da taxa Selic, o que poderia beneficiar o setor de varejo.
O investidor acredita que o Banco Central pode iniciar um novo ciclo de redução de juros ainda em 2025, dependendo da economia dos Estados Unidos.
Ferri e a estratégia de recuperação da Casas Bahia
Para Rafael Ferri, a Casas Bahia retomou a estratégia de seu fundador, Samuel Klein, focando novamente no crediário como diferencial competitivo.
Além disso, a empresa reestruturou sua dívida e pode converter parte dela em ações junto ao Bradesco, um de seus principais credores.
Para o investidor, a companhia está avaliada de forma subestimada.
Ele estima que a empresa deveria valer entre R$3 bilhões e R$4 bilhões, muito acima dos atuais R$760 milhões. “É um ativo estressado, mas tem muito valor dentro. Como ninguém quer, eu virei sócio”, explicou Ferri ao E-Investidor.
Expansão da participação e olho no conselho
Ferri pretende aumentar ainda mais sua posição na empresa e já demonstrou interesse em indicar um conselheiro na Assembleia Geral Ordinária de abril.
Seu objetivo é garantir proximidade com a gestão da Casas Bahia e acompanhar de perto a reestruturação da companhia.
Perspectivas para o varejo em 2025
Além da Casas Bahia, Ferri investe em outras empresas do setor varejista. Ele detém participação relevante no GPA (PCAR3) e no Magazine Luiza (MGLU3), além de possuir cerca de 13% da Petz (PETZ3).
Para ele, o varejo brasileiro está extremamente descontado e deve passar por uma recuperação nos próximos 6 a 18 meses.
O investidor também está envolvido na criação de um fundo para adquirir a participação do Casino no GPA.
O empresário Nelson Tanure faz parte desse projeto e deve indicar um conselheiro para a próxima Assembleia do GPA.
Apostas fora do varejo
Embora seu foco principal seja o varejo, Ferri também vê oportunidades em outros setores.
Ele menciona Banco Inter (INBR32) e Marfrig (MRFG3) como ações subvalorizadas.
Segundo ele, a Bolsa brasileira como um todo está descontada devido aos gastos excessivos do governo, que elevaram a inflação e os juros.
Para Ferri, a recuperação do mercado está ligada à melhora do cenário macroeconômico.
Com a possível queda dos juros, ações de empresas penalizadas nos últimos anos podem voltar a crescer, e ele pretende estar bem posicionado para aproveitar essa valorização.