Aporte pesado

Soja livre de desmatamento recebe US$ 60 milhões em novo financiamento

Consórcio com Traive, SIM e Opea financia 280 fazendas e preserva 90 mil hectares, impulsionando a produção sustentável de soja no Brasil.

(Produção de soja / Foto: Ouro Safra/Divulgação)
(Produção de soja / Foto: Ouro Safra/Divulgação)

O mercado financeiro reforçou o compromisso com a soja livre de desmatamento no Brasil. O consórcio formado pela fintech Traive, a consultoria SIM (Sustainable Investment Management) e a securitizadora Opea captou US$ 60 milhões junto a investidores internacionais. O recurso veio por meio do CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) verde, chamado RFC Cerrado.

Esse financiamento ganhou importância extra após a suspensão da Moratória da Soja pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). A medida aumentou os riscos para a preservação do bioma amazônico. Apesar disso, investidores estrangeiros mantiveram a confiança no modelo sustentável brasileiro e ampliaram sua participação.

Os recursos do CRA financiam produtores comprometidos com áreas livres de desmatamento. Além disso, oferecem juros menores que os de mercado, o que incentiva adesões e fortalece a transição para práticas agrícolas mais sustentáveis.

Soja livre de desmatamento atrai capital internacional

O veículo de investimento surgiu em 2022, quando redes de supermercados ingleses, como Tesco, Sainsbury’s e Waitrose, buscaram cadeias de fornecimento sustentáveis. Na primeira rodada, o aporte foi de US$ 11 milhões. No ano seguinte, Rabobank, Santander e o fundo Agri3 elevaram o valor para US$ 47 milhões.

Em 2023, diante da instabilidade do setor agrícola, o consórcio investiu apenas US$ 6 milhões. Contudo, em 2024, a retomada ocorreu de forma robusta, com a entrada do Mobilising Finance for Forests (MFF), do banco de desenvolvimento holandês FMO, além do IDB Invest.

Estrutura de financiamento amplia preservação ambiental

O CRA segue o modelo blended finance, que combina investidores de impacto e de mercado. Com isso, os empréstimos oferecem taxas entre 8,5% e 9,5% ao ano em dólar. O valor levantado neste ciclo deve atender cerca de 280 propriedades e financiar 240 mil toneladas de soja livre de desmatamento. Como resultado, a estimativa é preservar 90 mil hectares de vegetação nativa.

A Traive seleciona os produtores usando sua plataforma de crédito, enquanto a Opea faz a securitização. Já a SIM coordena a estratégia de sustentabilidade. De acordo com Maurício Quintella, diretor da Traive, mais de 2 mil produtores foram avaliados antes da aprovação final.

Próximos passos do financiamento sustentável

O consórcio projeta chegar a US$ 200 milhões até a safra 2026/27. Essa meta deve consolidar o Brasil como referência global em soja livre de desmatamento. Além disso, deve atrair investidores que buscam unir retorno financeiro à conservação ambiental.