O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (31) que o Tesouro dos Estados Unidos entrou novamente em contato com o governo brasileiro para agendar uma nova reunião.
O governo brasileiro pretende discutir os impactos do tarifaço imposto por Donald Trump e ampliar a lista de produtos nacionais isentos da taxação de 50%.
Tarifaço: Brasil buscará apoio em instâncias internacionais
Além da negociação bilateral, o governo brasileiro pretende recorrer a fóruns multilaterais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC). Para Haddad, o tarifaço não afeta apenas o Brasil, mas pode prejudicar toda a cadeia produtiva da América do Sul. “Estamos no mesmo continente e devemos buscar mais integração e não barreiras”, afirmou.
O ministro criticou o protecionismo exagerado adotado por Trump e disse que o Brasil está preparado para responder com diplomacia e articulação internacional. A decisão de recorrer a organismos multilaterais também demonstra que o país aposta em soluções sustentáveis, baseadas em regras do comércio global.
Além disso, Haddad acredita que o novo encontro com representantes do Tesouro norte-americano será mais racional e menos impulsivo. Segundo ele, há sinais claros de que os Estados Unidos estão dispostos a ouvir e reconsiderar parte das medidas, principalmente após a reação negativa de setores empresariais de ambos os países.
Governo ajusta plano e avalia crédito emergencial
O Brasil já havia se preparado para um cenário de aumento das barreiras comerciais. O Brasil já se preparou para o aumento das barreiras comerciais. Agora, o governo ajusta o plano de contingência, que inclui medidas de apoio ao setor produtivo.
De acordo com Haddad, os atos normativos devem ser encaminhados à Casa Civil nos próximos dias. A prioridade é proteger empregos e minimizar os danos econômicos provocados pelo tarifaço.
Haddad lembrou que produtos com maior flexibilidade de escoamento, como commodities, podem se adaptar mais rapidamente.
No entanto, mesmo esses setores exigem planejamento e apoio técnico para redirecionar exportações ou negociar novos contratos internacionais. “Cada segmento terá um tratamento adequado à sua realidade”, afirmou.
Tarifaço: Lula quer reduzir dependência e ampliar mercados
A atual política comercial do governo Lula busca equilibrar relações entre grandes blocos econômicos. Haddad destacou que, em 2003, os Estados Unidos representavam cerca de 25% das exportações brasileiras. Hoje, esse número caiu para aproximadamente 12%. O tarifaço reforça a necessidade de reduzir essa dependência.
Nesse sentido, o governo pretende ampliar acordos com países da Ásia, Europa e América Latina, diversificando os destinos das exportações nacionais.
A ideia é proteger a economia de choques causados por decisões unilaterais, como a adotada por Trump. “Queremos construir uma política comercial sólida, com múltiplas opções para o exportador brasileiro”, disse Haddad.