O Tesouro Direto não vai ter mais limite mínimo de aplicação a partir de 18 de novembro, além de outras mudanças. Antes, o valor mínimo era de R$ 30,00 para comprar frações de um título. Segundo a B3, a mudança ocorre para “oportunizar mais flexibilidade para investimentos”.
Apesar de não terem mais valor mínimo, os investimentos no Tesouro Direto vão continuar sendo feitos em múltiplos de 0,01 título, ou seja, fração mínima de 1% do valor de um título.
“As mudanças permitem que os investidores tenham mais facilidades no valor do investimento. Por exemplo, temos o Tesouro Prefixado 2031, com valor unitário a R$ 474,17. Nesse caso, o valor mínimo que o investidor precisaria desembolsar seria de R$ 4,74”, detalha Guylherme Mattos, matemático e especialista em investimentos.
O valor máximo também vai ser alterado de R$ 1 milhão para R$ 2 milhões. O limite refere-se à carteira de títulos adquirida pelo investidor durante o mês, e não a cada título individualmente considerado.
“O Tesouro Direto está cada vez mais inclusivo, o que é ótimo para o mercado, pois atrai uma nova geração de investidores e contribui para a educação financeira no país”, destaca Mattos.
O que muda no mercado com as novas regras do Tesouro Direto
Para o especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital Josias Bento, a medida oferece uma alternativa mais vantajosa do que a poupança, que tem rendido pouco frente às altas taxas de juros atuais.
“Com essa redução, o Tesouro Direto se torna uma opção mais acessível para a população em geral, principalmente para aqueles com recursos limitados”, reforça o especialista.
“Mesmo que a poupança ainda tenha seu público fiel, principalmente por sua simplicidade e isenção de Imposto de Renda, o Tesouro Direto traz uma alternativa mais rentável, especialmente com a atual taxa elevada de juros”, explica o especialista em finanças Hulisses Dias.
Para Bento, as mudanças também tornam os títulos públicos mais inclusivos e educativos. “Com mais pessoas investindo no Tesouro Direto, cresce também o entendimento da população sobre economia e investimentos, o que pode impulsionar o mercado financeiro brasileiro a longo prazo”, destaca.
Ele menciona também que um maior número de investidores em títulos públicos ajuda o governo a financiar suas operações de forma mais eficiente.
Já para o especialista e sócio do Valor Investimento Gabriel Meira, as mudanças não devem modificar o cenário de investimentos de forma significativa.
“Mudou muito pouco, antes você conseguia investir no mínimo R$ 30,00 e agora pode investir R$ 2,00. O acesso é muito pequeno, infelizmente não vamos ter uma explosão de gente investindo por causa dessa mudança“, comenta, destacando que grande parte dos brasileiros não têm acesso a uma educação financeira ampla, que permita explorar novas opções de investimento.
Quais são os títulos do Tesouro Direto mais vantajosos?
Com as novas condições do Tesouro Direto, os investidores devem estar atentos aos tipos de títulos que oferecem mais benefícios. Os especialistas destacam três opções:
- Tesouro IPCA+: Um título atrelado à inflação, ideal para quem busca proteção contra a perda do poder de compra e deseja um ganho real superior à inflação, especialmente no longo prazo. Os títulos IPCA+ estão oferecendo taxas de juros reais acima de 6,50%, o que é muito atrativo para os investidores, destaca Dias.
- Tesouro Prefixado: Com taxas de juros mais altas, esse título pode ser vantajoso para quem acredita que os juros vão cair no futuro. A garantia de uma taxa fixa permite que o investidor lucre mais ao manter o título até o vencimento.
- Tesouro Selic: Para quem busca segurança e liquidez, o Tesouro SELIC é a escolha mais indicada, especialmente para reservas de emergência. Ele acompanha a taxa básica de juros e pode ser resgatado a qualquer momento sem grandes variações de preço.
Mattos alerta que, para investidores mais arrojados, é preciso ter atenção ao prazo dos títulos. “Os títulos IPCA+ e prefixados podem variar conforme o cenário econômico, e isso pode ser desconfortável para quem não está preparado para essa oscilação”, explica.
Dicas para quem está começando
Bento destaca três dicas para os investidores iniciantes:
- Entenda seu Perfil e Objetivo: O Tesouro Direto é ideal para investidores conservadores a moderados, que buscam segurança e rendimentos superiores à poupança. Se você quer começar a construir uma reserva de emergência, o Tesouro SELIC é a melhor opção. Para o longo prazo, os títulos IPCA+ são ótimos para o planejamento da aposentadoria.
- Escolha o Título de Acordo com seu Prazo e Meta: Títulos prefixados e atrelados ao IPCA são melhores para quem pode manter o investimento até o vencimento. Já o Tesouro SELIC é ideal para prazos mais curtos ou quem precisa de liquidez.
- Diversifique Gradualmente: Para iniciantes, começar com o Tesouro SELIC e, depois, diversificar para títulos IPCA+ ou prefixados é uma estratégia que oferece segurança e oportunidades de crescimento. “O ideal é montar uma reserva de emergência no Tesouro Selic e depois começar a diversificar, especialmente com o Tesouro IPCA. E quanto mais longo mais volátil, então para quem não tem costumo é ideal investir em um prazo mais curto, com vencimento em 2030 ou 2035”, aconselha Meira.
Gift Card B3: inovação para popularizar os investimentos
Outra novidade anunciada, que também deve ser lançada em novembro, é o Gift Card B3 do Tesouro Direto, uma plataforma de cartões-presente que permitirá a doação, como presente a terceiros, de créditos conversíveis em títulos públicos federais do Tesouro Direto.
A B3 vai emitir o Gift Card B3 e fica como depositária do valor até que o beneficiário efetue o resgate, quando os créditos vão ser utilizados para aquisição de títulos públicos em nome do beneficiário.
“O Gift Card amplia a flexibilidade do Tesouro Direto, proporcionando uma nova maneira de envolver e incentivar investimentos de forma mais inclusiva”, avalia Bento.