O varejo brasileiro movimentou R$ 1,3 trilhão em 2024, segundo o IRTT (Instituto Retail Think Tank), que deu sequência aos estudos da SBVC (Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo). O levantamento evidencia que, embora o setor seja pouco concentrado, as maiores empresas expandiram participação e consolidaram relevância em todo o país.
As dez líderes do ranking — Carrefour, Assaí, Magazine Luiza, RD Saúde, Grupo Boticário, Casas Bahia, Grupo Mateus, Amazon, Americanas e Supermercados BH — responderam por 36,5% das vendas do setor. Esse resultado mostra claramente que algumas companhias ganharam destaque, enquanto o consumo continua fortemente regionalizado.
Mesmo com o avanço das grandes varejistas, 47,7% das empresas do ranking atuam em apenas um estado. Por outro lado, apenas 7,7% estão presentes em quatro ou cinco estados, o que confirma que a pulverização ainda domina o mercado brasileiro.
Concentração do varejo brasileiro varia por setor
A concentração muda conforme o segmento. Por exemplo, em supermercados, drogarias, moda e materiais de construção, as líderes não ultrapassam 37,7% das vendas. Contudo, no setor de eletromóveis, a participação saltou de 42,4% em 2014 para 71,9% em 2024. A crise econômica de 2015 e o ciclo prolongado de juros altos ajudam a explicar essa evolução.
Além disso, as maiores empresas cresceram acima da média do setor. Em 2024, a expansão das líderes atingiu 9,6%, enquanto o varejo geral cresceu 8,2%, segundo o IBGE. Portanto, mesmo com desaceleração, as gigantes mantêm ritmo superior ao mercado.
Saúde financeira das gigantes do varejo brasileiro
Das 300 empresas analisadas, apenas 58 têm capital aberto ou dados financeiros públicos. Dessas, a maioria aumentou o Ebitda em 2024, embora o lucro líquido não tenha refletido totalmente esse avanço.
Além disso, 23 das 41 empresas que divulgaram endividamento reduziram seus índices, mantendo o ajuste iniciado há três anos. Ao mesmo tempo, o número de companhias bilionárias atingiu recorde: 200 faturam mais de R$ 1 bilhão por ano; 53 superam R$ 5 bilhões; e 26 têm receita acima de R$ 10 bilhões. Portanto, a consolidação do setor continua crescendo rapidamente.
Varejo brasileiro cresce no físico e no online
Apesar do avanço do e-commerce, as lojas físicas seguem com forte presença. Em 2024, as 300 maiores empresas abriram quase 3.000 novas unidades, atingindo mais de 80.000 pontos de venda no país. Assim, o físico continua relevante, mesmo com a digitalização acelerada.
No comércio eletrônico, o Magazine Luiza liderou com R$ 27,5 bilhões em vendas, seguido por Amazon e Carrefour. No entanto, no segmento de marketplace, o Mercado Livre dominou, movimentando R$ 138 bilhões em 2024, à frente de Magalu, Shopee, Amazon e Casas Bahia.
Supermercados e farmácias concentram as vendas
Supermercados e drogarias respondem por 65,8% das vendas do varejo brasileiro, contra 57% em 2014. Em contraste, setores de não alimentos, como moda e eletromóveis, caíram de 39,1% para 30,3% em dez anos. Serrentino explica que a alta sensibilidade da base de consumidores de renda média e baixa à inflação e aos juros reforça a predominância desses setores.